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‘Dose dupla de dilmismo’, editorial do Estadão

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA SEXTA-FEIRA No mesmo dia, quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff deu duas provas de que acredita irrestritamente no que costuma dizer aos seus subordinados: “Eu sou a presidenta, eu posso”. De um lado, ela mandou fazer, ou autorizou, uma gambiarra para preservar a redução das tarifas de energia – a “bondade” com […]

Por Augusto Nunes Atualizado em 31 jul 2020, 06h08 - Publicado em 31 Maio 2013, 16h34

PUBLICADO NO ESTADÃO DESTA SEXTA-FEIRA

No mesmo dia, quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff deu duas provas de que acredita irrestritamente no que costuma dizer aos seus subordinados: “Eu sou a presidenta, eu posso”. De um lado, ela mandou fazer, ou autorizou, uma gambiarra para preservar a redução das tarifas de energia – a “bondade” com que inaugurou, em janeiro, a sua campanha à reeleição. De outro, solidarizou-se com a direção da Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pela barbeiragem que levou ao pânico os beneficiários do Bolsa Família, que acharam que o programa estava para ser extinto.

Na véspera do duplo espetáculo de dilmismo explícito, erros primários de articulação política, pelos quais o Planalto só tem a si para culpar, tolheram a aprovação da medida provisória (MP) das contas de luz, cuja validade expira na próxima segunda-feira. Combinando soberba e irresponsabilidade, o governo desdenhou da recente promessa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de que só poria em votação as MPs que a Câmara dos Deputados remetesse à Casa pelo menos sete dias antes de caducarem.

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Por isso, a MP das tarifas de energia, a 605, teria de ser aprovada na Câmara até a última segunda-feira. A descoordenação entre as ministras responsáveis pela interlocução com o Congresso – Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais – impediu que o cronograma fosse cumprido. Tarde daquela noite, por falta de quórum, o presidente da Câmara, Henrique Alves, encerrou a sessão. Ele comentaria: “Precisamos entender por que, de 420 deputados da base aliada, o governo não consegue colocar 257 em uma sessão decisiva”. A aprovação se deu na terça.

Calheiros, por sua vez, foi ainda mais contundente ao rebater a acusação governista de que teria sido inflexível. “As pessoas próximas da presidente”, apontou, “precisam ter um pouco (de consciência) da dimensão do funcionamento das instituições.” A primeira autoridade a não tê-la é a própria Dilma. No afã de salvar a redução das contas de luz, e tendo em vista que uma medida provisória não convertida em lei não pode ser reapresentada no mesmo ano, a finada MP será enxertada em outra, a 609, que desonera a cesta básica.

O contrabando é um escândalo – idêntico ao dos políticos que enfiam em MPs emendas alheias ao seu assunto para servir a suas clientelas. Ao mesmo tempo, a presidente convocou o ministro da Educação, ex-senador Aloizio Mercadante, para dar um jeito na desastrosa interação do Planalto com o Congresso. Faz sentido: com a educação no melhor dos mundos possíveis, o ministro tem tempo de sobra para se desincumbir de todos os encargos adicionais que a sua chefe resolver transferir-lhe.

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Já em relação ao vexame do Bolsa Família, a presidente que se acha todo-poderosa imitou o seu patrono Lula, que não se cansava de afagar membros do seu governo e políticos aliados suspeitos de malfeitorias. Diante dos fortes indícios de que os boatos sobre o fim do programa não foram fabricados para desgastar o governo, mas com toda a probabilidade surgiram por combustão espontânea – depois que, sem aviso prévio, a Caixa Econômica liberou de uma só tacada todos os pagamentos do mês de maio -, Dilma saiu em defesa da cúpula da instituição, até agora incapaz de se explicar ao País.

Em nota, a presidente desmentiu que pretendesse mexer na sua diretoria, “formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida”. Pode ser. Mas, estranhamente, um vice-presidente do banco disse que os recursos foram liberados quando começou a corrida às agências. A liberação se deu na véspera. Pior ainda, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, esperou uma semana para falar a verdade. E, quando falou, saiu-se com uma explicação inverossímil para a origem do problema.

É uma história mal contada do começo ao fim, com tintas de acobertamento de uma derrapagem. Melhor teria feito a presidente se deixasse para se manifestar mais adiante.

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