Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Alberto Carlos Almeida Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Alberto Carlos Almeida
Opinião política baseada em fatos
Continua após publicidade

O acordo entre Lula e Bolsonaro para 2022

Supor tal acordo assume o pressuposto de que dois políticos têm um enorme poder de controlar a realidade

Por Alberto Carlos Almeida Atualizado em 12 mar 2021, 01h14 - Publicado em 8 mar 2021, 10h13

Há quem argumente que Lula e Bolsonaro têm um acordo, ainda que tácito, a fim de manter a atual polarização com a finalidade de que o segundo turno de 2022 aconteça entre o atual presidente e o candidato do PT qualquer que seja ele. Essa visão é profundamente elitista, pois ignora que este acordo só seria possível se incluísse 148 milhões de eleitores aptos a votar. Ou seja, não há acordo algum.

Supor um acordo entre Bolsonaro e Lula assume o pressuposto de que os seres humanos, mais especificamente dois políticos, têm um enorme poder de controle sobre a realidade. Trata-se de uma suposição inteiramente equivocada.

Bolsonaro é um dos favoritos para ir ao segundo turno simplesmente porque é o presidente da república. Ele está neste cargo em função de uma conjunção de acontecimentos fortuitos que se combinaram para formar o contexto eleitoral de 2018: uma imensa crise econômica atribuída pelo eleitorado à presidência petista de Dilma Rousseff, a magnitude política e midiática da Operação Lava-Jato, o fraco desempenho de Geraldo Alckmin quando governador de São Paulo, certamente insuficiente para lhe projetar de forma competitiva em todo o país, o escândalo do grampo telefônico que atingiu Aécio Neves, a prisão de Lula, dentre outros episódios. Sem tudo isso dificilmente Bolsonaro chegaria onde está hoje. Não há aqui nenhum acordo entre políticos, ao contrário, há um desacordo geral e um amplo conflito dentre todos os atores relevantes do sistema. Somente por isso foi que alguém de fora do sistema chegou lá.

O candidato do PT é um dos favoritos para ir ao segundo turno porque o PT teve um dos dois candidatos mais votados nas seguintes eleições presidenciais: 1989, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018. David Hume, um dos maiores filósofos de língua inglesa, empírico e cético, afirmara com todo acerto e propriedade que “um homem sábio faz com que sua crença seja proporcional à evidência”. Ora, se o PT teve um dos dois candidatos mais votados em todas as oito eleições diretas depois da ditadura militar, então, sendo eu alguém minimamente sábio, hei de crer que isso continuará acontecendo. É preciso razões demasiadamente fortes para acreditar no oposto. Tais razões não existem, ainda mais quando acabam de serem publicadas pesquisas mostrando que o símbolo máximo do PT, Lula, é quem menos tem rejeição para a eleição de 2022.

Continua após a publicidade

Por fim, Bolsonaro e Lula não têm os meios para impedir que outros candidatos se coloquem de forma competitiva. Aí está Doria que governa o estado mais rico e populoso do Brasil. Aí estão também Huck com sua enorme audiência nacional e Sérgio Moro com o seu capital político de quem ocupou a mídia por quatro anos consecutivos. Eles que se virem, que tenham competência e mérito de deslocar um dos dois, ou ambos, da próxima eleição. Não há como impedi-los de, desde que sejam competentes e tomem mais decisões certas do que erradas, assumam o protagonismo da disputa. Há tempo para isso.

É triste que diante do óbvio as pessoas insistam em afirmar que há um acordo entre Lula e Bolsonaro para que ambos estejam no segundo turno da próxima disputa. Isso apenas revela a indigência da qualidade da análise política realizada por algumas figuras.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.