Livros censurados em Rondônia
Em que pese o fato de o governo ter voltado atrás, a ordem de recolhimento de livros foi grave
A tentativa de recolher títulos da literatura brasileira no Estado de Rondônia é um episódio grave sob diversos pontos de vista, mas um merece destaque. Somos brasileiros porque compartilhamos inúmeros valores, símbolos e práticas. Quando um governo de estado torna objeto de polarização política textos de Machado de Assis, Euclides da Cunha, Mário de Andrade e Rubem Fonseca, dentre outros, ele ignora solenemente a importância de nossa identidade nacional.
Machado de Assis é um dos mais importantes escritores brasileiros, senão o mais importante. Em algum momento burocratas do governo estadual de Rondônia se reuniram em torno de uma mesa e decidiram que Machado de Assis não era para ser lido nas escolas. Ora, ora, ao pensar assim eles desprezaram inteiramente a relevância de termos símbolos comuns, narrativas e crônicas de época conhecidas pelos brasileiros independentemente de sua posição política. É muito emblemático que Machado de Assis estivesse na lista dos quase censurados.
Ainda bem que a pressão foi grande e a decisão que minava aspectos de nossa identidade nacional foi cancelada.