A perda de confiança em Bolsonaro
O atual presidente vem trilhando um caminho semelhante ao de Dilma. O resultado final está em aberto
É raro que um governo sofra um forte desgaste da noite para o dia. Isso aconteceu em 2013 por causa dos protestos, tanto com Dilma como com todos aqueles que eram governadores e prefeitos. O normal, o mais corriqueiro, é o desgaste lento e gradual. É exatamente isso que vem ocorrendo com Bolsonaro.
O atual presidente mal começou seu segundo ano de um mandato de quatro e já está às turras com os mais importantes líderes da Câmara e do Senado e com segmentos importantes da imprensa. Sua avaliação positiva junto à opinião pública sofreu uma queda contínua em 2019 e agora ele se vê diante de uma crise de proporções globais, a ameaça econômica do coronavírus.
Quem compra briga precisa se achar mais forte do que os outros. Essa seria a decisão racional. Bolsonaro parece se guiar pela irracionalidade, os conflitos que ele gera e motiva são desnecessários e deixam pelo caminho muitos ressentidos. Mais grave do que isto, o presidente vai consolidando a imagem de que não é confiável, e a confiança é a principal moeda da política.
Vimos isso acontecer no Governo Dilma. Naquele caso foram necessários seis anos para que o desgaste acabasse por resultar em deposição. O caminho trilhado por Bolsonaro é o mesmo. A depender dele, o destino também poderá ser o mesmo. A única coisa que poderá salvá-lo são acontecimentos fora de seu controle, o que muitas vezes denominamos de sorte ou acaso.