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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Os juízes de futebol deveriam ser substituídos por robôs?

Se fosse assim, talvez o gol da Suíça teria sido anulado e o Brasil ainda faria 2 a 0. Mas daria certo uma máquina desse tipo em campo?

Por Filipe Vilicic Atualizado em 18 jun 2018, 19h18 - Publicado em 18 jun 2018, 16h22

Como já admiti aqui, não sou um expert em futebol. Porém, como brasileiro – e daqueles que ainda participavam de tudo quanto é time (vôlei, handball… futebol) na escola / acampamento de verão / condomínio / etc. –, sei o mínimo do esporte, acompanho os campeonatos pelo jornal e saco bem que uma das graças é culpar o juizão pela derrota do clube do coração. Ontem, no Brasil 1 x 1 Suíça, ao ouvir o Galvão Bueno reclamar tanto (mas tanto!) da arbitragem de Cesar Ramos, eis o que mais pipocava na minha mente não tão afeita à partida, mas bem ligada no vaivém tecnológico do mundo: por que raios não trocam esse Ramos por um robô?

Sim, a substituição seria possível, mesmo que com uns poréns. Instalar sensores por todo o campo (em todos os estádios), que seriam acompanhados por um software confiável (conectado a um servidor dedicado e “infalível”), custaria uma fortuna. Isso caso quisessem uma precisão próxima a 100%. Porém, não sairia caro se apoiar em câmeras e uns poucos sensores – ideia: uns poderiam ser acoplados aos corpos dos jogadores, para detectar quando ocorreu de fato uma falta (nada valeria se jogar no chão com cara de dor) –, talvez com reforço de um (e só um) árbitro / “técnico de TI” humano.

Iriam diminuir os erros (tirando um bug aqui, outro lá) de arbitragem. E o Brasil (Galvão, que não parava de pedir pelo “vídeo”, talvez celebraria) provavelmente ganharia a partida de ontem (dia 17). Por que, então, não fazem logo isso?

Humanos não são guiados por ciências exatas. Nossos sentimentos usualmente nos levam a conclusões ilógicas, ou improdutivas. Gostar de futebol – e de praticamente qualquer outro esporte – poderia se encaixar nessa categoria. Reflita: qual é o sentido de se esgoelar e ameaçar torcidas rivais em busca de apoiar 11 caras que se driblam em campo com o objetivo de fazer um objeto esférico ultrapassar uma linha limitada entre três postes?

Se formos frios como uma inteligência artificial, isso não faria tanto sentido. Mas somos quentes como humanos. Ao ver nossos ídolos em campo, o que conta não é a racionalidade, mas as emoções e os sentimentos. Na prática, simulamos uma guerra em campo, com furor similar – mas riscos bem menores, em todos os sentidos. Assim expelimos para fora do corpo e do cérebro nossas angústias, nossas ambições, nossas raivas. Sem ter de trocar tiros com outros seres mortais (e mortíferos) no meio do processo.

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É por esse lado humano do esporte que não faria sentido ter um juiz-robô em campo, por mais eficiente que o mesmo pudesse se provar ser.

Cesar Ramos se tornou o vilão em campo. O alvo das tais angústias, da raiva, e a justificava plausível para o empate com gosto de derrota. Como seria se a arbitragem fosse feita por um robô? A torcida clamaria “Foi pênalti! Alguém tem de revisar o algoritmo dessa máquina aí”? Ou, ao invés de direcionar ofensas à mãe do juizão, gritariam “Seu filho de um black hacker”? Ou então desconfiariam “Tem malware nessa jogada”?

O juiz faz parte da magia do esporte. Seja do futebol, do basquete, do MMA. Qual for. Seus erros e acertos são ingredientes não desprezíveis da atração exercida para com a plateia. Sem ele, um tanto da graça iria esvaecer. E o futebol deixaria de ser tão demasiadamente humano para se transformar num videogame qualquer – e nem é um daqueles mais emocionantes, que originam campeonatos milionários, a exemplo do League of Legends (pois nesses, note, há os mesmos elementos emocionais de uma partida de futebol).

Desde que o ser humano é um ser humano, passando pelos gladiadores do Coliseu, pelas Olimpíadas e pelo futebol, há prazer em ver duas pessoas numa disputa física regrada por um terceiro agente de carne e osso. Duvido muito que gostaríamos tanto se fossem todos esses atores trocados por robôs estilo Jetsons.

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E, não se engane, substituir Ramos por uma inteligência artificial faria tão sentido sociológico (ou evolutivo; ou desportivo) quanto trocar, num futuro possível, um Neymar por um androide mais rápido, ágil, preciso, forte, articulado. Se em vez de 22 frágeis corpos feitos de carne, e passíveis de ferimentos, tivéssemos 22 estruturas metálicas, correndo atrás de uma bola com a meta de fazer passá-la por uma linha entre traves, e com tudo regrado por um software (algo como são aqueles campeonatos de robôs-futebolistas promovidos por universidades de engenharia)… bem, acho que todo mundo (ou uma grandíssima maioria) ia achar isso ridículo e não ligaria a TV para ver tal disputa.

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