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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Acha a ida à Lua inútil? Jogue seu celular no lixo, então

Edward Weiler, marcante cientista da história da Nasa, explicou o que se ganhou com todo o esforço que levou o homem a caminhar na Lua, há exatos 50 anos

Por Filipe Vilicic Atualizado em 22 jul 2019, 19h16 - Publicado em 22 jul 2019, 18h05

Reparei que alguns colegas chegaram a resumir os ganhos da ida à Lua àqueles travesseiros “da Nasa” e aos cobertores espaciais que brilham na luz solar. Quanta ignorância – e aqui no sentido mais estrito da palavra. No momento em que comecei a debater com uma dessas figuras, apontando os tantos progressos consequentes da chegada à Lua, veio-me uma memória. De quando, em visita à sede administrativa da Nasa, em Washington D.C., tive uma conversa esclarecedora com o então administrador das missões científicas da instituição, o astrofísico Edward “Ed” Weiler. A entrevista se deu em 2011, alguns meses antes dele se aposentar. Mas suas conclusões perduram.

Weiler é uma figura de suma importância para a história da agência espacial dos EUA. Desde que ingressou na Nasa, em 1978, protagonizou várias conquistas. A maior delas foi ter sido o cientista-chefe por trás do desenvolvimento do telescópio Hubble, o mais importante de seu gênero. Foi com esse telescópio que se começaram a descobrir, por exemplo, que existem planetas parecidos com a Terra universo afora – e, logo, potenciais abrigos para seres vivos extraterrestres.

Foi quando criança que Weiler – assim como vários de seus colegas cientistas, além dos astronautas – se encantou com o espaço. Adivinhe como alimentou em si o sonho de trabalhar na Nasa? Primeiro ao ver, em 1961, aos 12 anos de idade, o discurso do presidente Kennedy, no qual o governante prometia ganhar a corrida espacial contra a URSS e colocar um homem na Lua. Depois, oito anos após, ao assistir a Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminhar no satélite.

“Esses feitos levaram muitas crianças a se verem como cientistas”, comentou Weiler. O astrofísico-celebridade Neil deGrasse Tyson foi outro que já me contou em entrevistas sobre como ver homens dando passos na Lua o incentivou a investir sua vida nos estudos acadêmicos.

No entanto, há efeitos práticos da chegada do homem na Lua no dia a dia de todos nós? Sim. E vão bem além de travesseiros fofinhos.

Quando se deparou com essa questão, Weiler abriu uma página em seu computador para exibir algumas das tecnologias rotineiras que só foram desenvolvidas porque a Nasa precisava das mesmas em suas missões. “Você não teria nem seu iPhone”, resumiu o cientista, no meio da conversa. Verdade.

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Entre as inovações provenientes da corrida espacial que foram listadas por ele: as câmeras fotográficas diminutas de smartphones; lentes de óculos (ou telas de celulares) resistentes a riscos; os dispositivos de LED; fones de ouvido sem fio. Assim como: os escâneres de radiografia usados por médicos; laptops; diversos tipos de tênis apropriados a atletas; ou mesmo o mouse de computadores.

“Acha a exploração espacial inútil? Jogue seu celular fora e viva sem ele”, chegou a brincar Weiler. Cientistas da Nasa são afeitos a piadas no ambiente de trabalho.

Dentre tantas outras considerações, Weiler ainda deu explicações filosóficas para a ida à Lua. “A essência do ser humano, o que nos diferencia de outros animais, é sermos exploradores. Vemos uma fronteira a ser transportada, seja uma montanha ou o mar. Tem aqueles que ficam com medo, ouvem um rosnado vindo do desconhecido e já saem correndo. O cientista, assim como o explorador, é aquele que vai lá ver o que é o rosnado, transpõe a fronteira, e assim faz a civilização caminhar”.

Para Weiler, a exploração espacial tem paralelo com as Grandes Navegações. “Assim como lá no século XV a próxima fronteira a ser transporta era o oceano, o que os europeus fizeram com seus barcos, agora a próxima fronteira é o espaço. Arrisco que temos ainda mais a ganhar com a aventura pelo cosmo do que veio da navegação pelos mares”, disse ele.

Por fim, falou em tom um tanto apocalíptico. “Nossa presença na Terra não será eterna. Com muita sorte, teremos de sair daqui quando o Sol começar a se expandir e assim impossibilitar a sobrevivência no planeta. Muito provavelmente, teremos de zarpar antes, por muitos outros problemas. Logo, temos de descobrir para onde vamos se quisermos driblar a extinção”.

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Não só isso. Weiler também teme possíveis extraterrestres inteligentes. “Tenho como certo que há vida fora da Terra. E muito provavelmente vida inteligente. Trata-se de um simples cálculo matemático, baseado no número colossal de estrelas e planetas que existem pelo universo”, analisou. “Agora, o que aconteceu quando os europeus chegaram nas Américas? Genocídio. Eles exterminaram quem vivia na Nova Mundo. O que você acha que irá acontecer se extraterrestres, com tecnologias mais avançadas, aterrissarem antes aqui em nosso planeta? Por isso é mais recomendável que cheguemos antes no planeta deles. Assim, nós que decidiremos o que fazer. Torço por uma conciliação, mas é melhor estarmos melhor preparados do que eles, independentemente do que ocorrer”.

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Ao longo do papo, Weiler compartilhou que na Nasa já existe até um protocolo de como seria anunciada vida extraterrestre quando esta for descoberta. “Imagine o quanto mudará para nossa filosofia, para nossas religiões, para todos os aspectos da sociedade”, disse. “Quem não compreende a importância da exploração espacial está pouco informado, ou tem uma mente deveras limitada”.

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