A cena da morte de Ofélia em 'Hamlet' inspirou John Everett Millais a pintar um de seus quadros mais famosos. Os traços desenhados são do rosto de Elizabeth Siddal, que pegou uma pneumonia que quase a matou durante o processo de pintura.
O livro 'Muse: Uncovering the Hidden Figures Behind Art History’s Masterpieces', da especialista em história da arte Ruth Millington, mostra facetas pouco conhecidas de mulheres que emprestaram corpo e rosto a quadros.
“A maioria dos pintores não dava crédito às suas musas. Elas foram mantidas anônimas para que o foco fosse voltado só para eles”, diz a autora.
Siddal era desenhista e poeta e se infiltrou na efervescência cultural inglesa como modelo. “Ela foi parte do movimento. Aprendeu a pintar, conseguiu patrocinadores e exibiu trabalhos”, conta Ruth.
Dora Maar foi inspiração de obras de Pablo Picasso, com quem foi casada. Fotógrafa e militante, ajudou a abrir os olhos de Picasso para o sofrimento humano, que marcou a carreira do cubista.
Foto: K. Y. Cheng//Getty Images
O artista, por sua vez, nunca deu créditos a Dora. Era abusivo e infiel. Tamanha turbulência transpareceu na célebre 'A Mulher que Chora', assinada por ele — num exemplo da mistura de fascínio e objetificação.
A italiana Artemisia Gentileschi desafiou padrões e foi uma das primeiras a fazer de si mesma uma musa, no século XVII. Usou autorretratos para expor o próprio sofrimento.
Gala Dalí foi uma das poucas a ser reconhecidas. Esposa de Salvador Dalí (1904-1989), inspirou o artista e também vários nomes do movimento surrealista com quem, não raro, manteve casos amorosos. Foi também agente do marido.
veja.abril.com.br/cultura/
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