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Pesquisadores geram energia limpa com resíduos de madeira

Matérias orgânicas como caroço de açaí e palha também são alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis

Por Nathan Fernandes
Atualizado em 2 set 2021, 15h47 - Publicado em 1 set 2021, 15h09

Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo mostrou como gerar energia limpa a partir de resíduos como serragem de madeira. O aproveitamento desse tipo de material é uma saída para o uso indiscriminado de combustíveis fósseis, responsáveis por gerar os gases causadores do efeito estufa. 

“São ­­ substâncias que ficam jogadas em grande quantidade e não são aproveitadas, podendo virar energia”, afirmou, em um comunicado, o professor da Poli-USP, José Roberto Cardoso, membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE). 

Para gerar energia, o material é queimado de maneira controlada. A queima gera “gases pobres”, que possuem baixo poder de combustão. Esses gases, por sua vez, são aproveitados para movimentar motores a combustão especiais. “Esses motores apresentam características idênticas aos motores tradicionais, no entanto, como o combustível não apresenta propriedades semelhantes ao diesel, suas dimensões são bem superiores à dimensão de um motor diesel equivalente. Como exemplo, um motor diesel de 500 kW ‘pesa’, aproximadamente, 1,5 toneladas, enquanto o motor a gases pobres pode chegar a 20 toneladas”, explica.

Cardoso lembra que a produção de energia a partir de combustíveis fósseis seria mais fácil e barata, mas deixa de fazer sentido diante do cenário de crise climática que se desenha. Além disso, a abundância de matéria do tipo a torna econômica e ecologicamente mais viável do que os materiais poluentes. 

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O especialista explica que o gás carbônico emitido pela queima de biomassa não causa poluição porque já faz parte do ciclo de carbono da Terra. Já os combustíveis fósseis são muito mais prejudiciais, pois provêm de uma fonte de carbono que não está integrada ao ciclo de carbono na atmosfera. “Os combustíveis fósseis são provenientes do petróleo. E o petróleo é nada mais que matéria orgânica depositada e decomposta por milhares e milhares de anos”, explica. “Essa quantidade de carbono está fora do ciclo de carbono, ou seja, quando queimamos os combustíveis fósseis estamos jogando mais CO2 na atmosfera, fazendo com que quando os raios infravermelhos do sol atinjam a atmosfera da Terra, exista mais gases para aquecer e reter calor, aumentando deste modo a temperatura média do planeta.”

De acordo com Cardoso, no entanto, para fazer sentido, o uso da biomassa deve estar alinhado a melhores práticas ambientais, sociais e de governança do meio ambiente. “No caso deste projeto, a biomassa utilizada é o cavaco [pedaços de madeira que sobram de uma trituração] e a serragem proveniente do corte e beneficiamento da madeira, por isso é de extrema importância a rastreabilidade da origem desta madeira, pois, do contrário, apesar de estar reaproveitando um resíduo, ele pode ser proveniente de desmatamento ilegal, indo contra o intuito de sustentabilidade”, aponta, lembrando que resíduos como caroços de açaí, e palha de arroz e de milho também podem ser utilizados. 

Não à toa o projeto é acompanhado de um estudo ESG — do inglês “Economy, Social and Government —, que avalia sua sustentabilidade, impacto social e governança ambiental. “Não basta apenas gerar energia da biomassa sem obedecer aos requisitos associados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU”, finaliza.

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