Carta ao Leitor: Uma agenda fundamental
As expectativas sobre a COP26 são grandes, e há motivos para acreditar que a conferência tem chances reais de ir além da retórica
Em 53 anos de trajetória, VEJA sempre dedicou especial atenção aos assuntos relativos ao meio ambiente. Poluição, desmatamento, ocupação da Amazônia e do Pantanal, além de conferências internacionais como a Rio-92, receberam extensas coberturas, seja nas páginas da revista ou no site. Em maio, deu-se um passo adiante na maneira de tratar o tema com a criação da Agenda Verde, projeto que abrange o site e a revista impressa. O texto de lançamento deixava claros os princípios da iniciativa: “VEJA acredita que o desenvolvimento econômico está diretamente ligado à utilização racional e equilibrada dos recursos naturais, associada à preservação da natureza. É nessa visão que se insere a Agenda Verde, nova seção das plataformas digitais e da versão impressa da publicação, com entrevistas, reportagens, vídeos e artigos dedicados a iniciativas acadêmicas e empresariais voltadas à sustentabilidade, à luz do progresso social e científico do país”.
Com mais de cinquenta matérias publicadas nos últimos cinco meses, a plataforma avança agora em uma nova frente com esta edição especial voltada às discussões que pautarão a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, a ser realizada entre 31 de outubro e 12 de novembro na cidade de Glasgow, na Escócia. Ao todo, são sessenta páginas, com cerca de vinte reportagens ilustradas por quase uma centena de imagens de impacto — pelo menos duas delas agraciadas com prêmios internacionais de fotografia — cujo objetivo é retratar o importante debate ambiental que acontece no momento em que o mundo finalmente se dá conta da gravidade do aquecimento global.
As expectativas sobre a COP26 são grandes, como mostra o texto que se inicia na página 18, mas há motivos para acreditar que a conferência tem chances reais de ir além da retórica. A sucessão de incidentes ambientais decorrentes de eventos climáticos extremos ocorridos de uns meses para cá evidencia o estrago provocado pela exploração descontrolada do planeta nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, empresas de todos os tamanhos, áreas de atuação e nacionalidades reconhecem que responsabilidade ambiental é parte da rotina corporativa. Fazem isso por comprometimento com o bem comum e também pela nova realidade que as cerca, em que regras de governança corporativa, orientações de organismos internacionais e compromissos com acionistas e investidores tornam irreversível a conexão entre negócios e sustentabilidade. As condições estão dadas. Agora, o momento é de ação.