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Campinas, Limeira e Niterói lideram ranking de saneamento; Recife aparece entre as últimas

Novo ranking revela que apenas 12 grandes cidades brasileiras investem o mínimo necessário para universalizar saneamento até 2033

Por Ernesto Neves Atualizado em 15 jul 2025, 12h40 - Publicado em 15 jul 2025, 12h27

Apesar de avanços pontuais, o Brasil ainda está longe de garantir o acesso universal ao saneamento básico, e os dados mais recentes revelam uma desigualdade profunda entre municípios.

Levantamento do Instituto Trata Brasil, feito em parceria com a consultoria GO Associados, mostra que apenas 12 das 100 cidades mais populosas do país investem acima da média considerada necessária para alcançar a universalização dos serviços de água e esgoto.

O valor de referência, segundo o estudo, é de R$ 223 por habitante por ano, montante estimado para cumprir as metas estabelecidas pelo novo Marco Legal do Saneamento, aprovado em 2020.

A legislação estabeleceu como meta a universalização do abastecimento de água potável e da coleta e tratamento de esgoto até 2033, exigindo que 99% da população tenha acesso à água e 90% a serviços de esgotamento sanitário.

Apesar da urgência, os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes a 2023, mostram que o investimento médio entre as 20 cidades mais bem colocadas no ranking foi de R$ 176,39 por habitante, cerca de 20% abaixo do ideal.

Como muitos desses municípios já contam com ampla cobertura dos serviços, essa defasagem ainda não compromete as metas. É o caso de cidades como Campinas, Limeira, Niterói e São José do Rio Preto, que lideram o ranking nacional de saneamento básico.

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Em maio, reportagem de VEJA mostrou como Niterói investiu pesado no setor, o que erradicou o despejo irregular de esgoto na orla e nas lagoas da cidade. Hoje, mesmo as praias urbanizadas e voltadas para a Baía de Guanabara exibem águas translúcidas.

Os 20 municípios com melhores percentuais de saneamento do Brasil em 2025
Os 20 municípios com melhores percentuais de saneamento do Brasil em 2025 (Divulgação/Divulgação)

O contraste, no entanto, é alarmante. Entre os 20 piores colocados, o investimento médio foi de apenas R$ 78,40 por habitante, um déficit de mais de 65%. “Nesse caso, o baixo investimento indica urgência na tomada de decisão dos gestores públicos”, aponta o estudo.

Municípios como Recife, Olinda, Maceió, Manaus e São João de Meriti figuram nas últimas posições do ranking, e oito capitais aparecem entre os piores: Recife, Maceió, Manaus, São Luís, Belém, Rio Branco, Macapá e Porto Velho.

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A diferença nos investimentos se reflete diretamente nos índices de cobertura. A média nacional de acesso à água entre os 100 municípios mais populosos é de 93,91%, mas dez cidades ainda não alcançaram nem 80%.

A pior situação é a de Porto Velho (RO), onde apenas 35% da população tem acesso à água potável.

O cenário é ainda mais crítico quando se trata de esgoto. A média de cobertura de esgotamento sanitário foi de 77,19%, com casos extremos como o de Santarém (PA), que tem apenas 3,77% de cobertura.

No quesito tratamento de esgoto, a média nacional é de 65,11%, mas cinco municípios tratam menos de 10% dos efluentes coletados, agravando os riscos à saúde e ao meio ambiente.

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Outro indicador preocupante é o de perdas na distribuição de água. Entre os 100 maiores municípios, o índice médio de perdas é de 45,43%, quase o dobro do limite de 25% considerado aceitável.

Isso significa que quase metade da água potável produzida é desperdiçada antes de chegar às casas da população, seja por vazamentos, falhas técnicas ou ligações irregulares.

O novo Marco do Saneamento estabeleceu metas ambiciosas e criou mecanismos para atrair investimentos privados ao setor, com exigência de eficiência e resultados.

No entanto, os dados mostram que muitos municípios seguem estagnados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde a infraestrutura ainda é precária e os investimentos públicos e privados permanecem abaixo do necessário.

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Com o prazo de 2033 se aproximando, o estudo reforça o que especialistas já alertam há anos: sem planejamento, recursos e fiscalização eficiente, o país corre o risco de perpetuar a exclusão de milhões de brasileiros do acesso a serviços básicos de dignidade, saúde e qualidade de vida.

Os 20 municípios com os piores percentuais de saneamento do Brasil
Os 20 municípios com os piores percentuais de saneamento do Brasil (Divulgação/Divulgação)
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