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A guerra dos trilhões: por que a economia verde virou o campo de batalha do século

Com crescimento duas vezes mais rápido que o da economia tradicional, o mercado verde avança para a marca dos 7 trilhões e redesenha o mundo

Por Ernesto Neves 9 dez 2025, 08h28 • Atualizado em 9 dez 2025, 09h44
  • A economia verde deixou há muito tempo de ser assunto de nicho. Hoje ela movimenta mais de cinco trilhões de dólares por ano e cresce num ritmo que só perde para o setor de tecnologia.

    E não é só promessa. Segundo novos relatórios do Fórum Econômico Mundial, o setor deve ultrapassar os sete trilhões anuais até 2030. Na prática, isso significa uma reconfiguração profunda da indústria global, dos fluxos de investimento, das cadeias de inovação e do poder geopolítico.

    Mais que um movimento ambiental, é uma transformação econômica com impacto direto na maneira como países competem, empresas lucram e consumidores se relacionam com energia, mobilidade, alimentos e bens de consumo.

    Crescimento turbo: o mercado que avança duas vezes mais rápido que o convencional

    Os dados são contundentes. As receitas verdes crescem, em média, o dobro das receitas tradicionais. Empresas com grande fatia de faturamento em soluções sustentáveis não só vendem mais, como conseguem captar dinheiro mais barato no mercado financeiro e ainda garantem um prêmio de valorização que varia entre 12 e 15 por cento. Investidores veem nessas companhias algo raro: futuro e resiliência ao mesmo tempo.

    O avanço tem motor tecnológico. A queda nos custos de energia solar, eólica e baterias redefiniu a competição global. Desde 2010, a energia solar ficou cerca de 90 por cento mais barata, as baterias seguiram a mesma queda vertiginosa e a energia eólica offshore teve custo reduzido pela metade.

    Resultado: 55 por cento do caminho necessário para zerar emissões pode ser feito com tecnologias já economicamente competitivas. É um salto histórico.

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    Nem tudo avança na mesma velocidade

    Ao mesmo tempo, o mapa da economia verde revela um planeta com velocidades diferentes. Soluções maduras, como energia solar e eólica, veículos elétricos e baterias, já são competitivas globalmente.

    Mas outras tecnologias consideradas essenciais para descarbonizar indústrias pesadas, agricultura e transporte de longa distância ainda são caras. Hidrogênio de baixo carbono e captura e armazenamento de carbono são os principais exemplos.

    Para essas áreas, o relatório aponta que governos precisam entrar com força, removendo barreiras, reduzindo riscos e criando escala até que os preços caiam.

    Por outro lado, mercados emergentes vão despontar com força até 2030. Gestão de carbono e metano, agricultura regenerativa, inovação em uso do solo e economia circular devem crescer mais de 10 por cento ao ano. O lixo de hoje vira o lucro de amanhã.

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    A geopolítica do verde: o centro da inovação migra para o Leste

    Se a economia verde fosse um tabuleiro de poder, a China ocuparia o centro. Em 2024, o país investiu 659 bilhões de dólares em energia limpa e responde por mais de 60 por cento da nova capacidade renovável que será instalada no mundo até 2030. Também lidera em patentes de energia solar, baterias e veículos elétricos.

    Esse domínio reposiciona cadeias de suprimento, indústrias e até alianças políticas. O epicentro da inovação climática já não está mais necessariamente no Ocidente. O mapa virou.

    O que os CEOs estão fazendo para vencer no mercado verde

    Para empresas, o debate já não é se devem participar da economia verde. A questão é como conquistar espaço em um mercado em que a competição ficou mais sofisticada.

    Os relatórios do Fórum Econômico Mundial trazem 14 estudos de caso de grandes corporações que transformaram sustentabilidade em vantagem competitiva. O que essas empresas têm em comum:

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    – Sustentabilidade incorporada na estratégia central, e não como apêndice de marketing.
    – Oferta de produtos que são verdes, mas também melhores, mais baratos ou mais eficientes. O consumidor vai pelo bolso, não pelo discurso.
    – Culturas internas ágeis, capazes de escalar tecnologias rapidamente e sobreviver a rupturas de cadeia produtiva.
    – Trabalho conjunto com governos e outros players para moldar regulações e remover barreiras.
    – Atração de capital diversificado, incluindo fundos verdes, bancos de desenvolvimento e modelos híbridos com investimento público e privado.

    No fim, os relatos reforçam uma tese que já ganhou o mercado: não existe contradição entre lucro e sustentabilidade. A economia verde virou sinônimo de crescimento real.

    O próximo salto: resiliência climática como novo filão de trilhões

    Com os extremos climáticos se tornando cada vez mais intensos e frequentes, cresce também o mercado de resiliência. Soluções como materiais para construções resistentes ao calor e à inundação, tecnologias de refrigeração de baixo carbono e novos serviços de análise climática já movimentam mais de um trilhão de dólares. A tendência é que esse campo se torne ainda mais crucial e lucrativo, especialmente fora do eixo tradicional da OCDE.

    O futuro é desigual, mas a disputa começou

    O avanço da economia verde não será linear. Países que apostam pesado nela deverão capturar a maior parte das oportunidades. Outros ficarão presos à economia fóssil, cada vez menos competitiva. A transição climática, antes vista como um esforço ambiental, agora é uma corrida industrial global pelo próximo ciclo de riqueza.

    No centro dessa disputa estão empresas que ousam agir cedo, adotar tecnologias emergentes, construir alianças e enfrentar regulações complexas. O prêmio não é pequeno. Sete trilhões de dólares por ano até 2030. E, pela primeira vez, lucrar mais pode significar também poluir menos.

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