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#15 O VIRTUAL: 1 bilhão de anos

É o tempo que, somente em 2018, a humanidade deve ficar plugada na internet, a ferramenta que criou a era digital e está moldando o futuro

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 set 2018, 07h00 - Publicado em 21 set 2018, 07h00
LIBERDADE - Berners-Lee, o criador do www, sempre apostou numa plataforma aberta (Ed Quinn/Corbis/Getty Images)

Foi tudo muito, muito rápido. Na verdade, nenhuma outra criação humana se propagou de maneira tão veloz pelo planeta, afetando a vida de tantas pessoas. Em pouco menos de cinco décadas, a internet surgiu, tornou-se parte da vida de cada um de nós e se transformou no principal meio de comunicação da sociedade. Atualmente, cerca de metade da população global está conectada — e passa em torno de seis horas diárias nesse universo virtual, cada vez menos paralelo, sendo metade desse tempo em redes sociais. Com isso, somente em 2018, a humanidade deve ficar on-line o equivalente a 1 bilhão de anos.

Tamanho impacto faz da web, simultaneamente, heroína e vilã. Merece aplauso porque é “uma plataforma aberta que permite conectar qualquer um para compartilhar informações, acessar oportunidades e colaborar, sem importarem as fronteiras geográficas”, de acordo com ninguém menos que o cientista da computação inglês Tim Berners-Lee, um dos principais responsáveis pelo seu desenvolvimento. Por outro lado, a rede mundial de computadores está na origem de novíssimos problemas, como a disseminação de vídeos — inclusive os “lives” (as versões ao vivo) — que promovem crimes como o terrorismo, e a espantosa profusão das fake news, as notícias falsas, que se espalham por meio do Facebook, do Twitter etc. Qualquer que seja a classificação que se faça da internet, um fato é incontornável: a virtualização do mundo promovida por ela se transformou em um fenômeno irreversível, que veio para mudar (e digitalizar) tudo.

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O marco inicial de desenvolvimento dessa extraordinária tecnologia se deu em 1969. Foi nesse ano que o governo dos Estados Unidos decidiu criar um sistema de comunicação entre computadores para que eles pudessem preservar dados militares sigilosos. Havia o receio de que um ataque da União Soviética destruísse tais informações. Para que isso não ocorresse, a solução foi digitalizar documentos e espalhá-los numa trama de máquinas interconectadas por meio de cabos. Desse modo, se uma delas fosse destruída, as outras preservariam o material. Assim nasceu a Arpa­net, com tão somente quatro computadores.

O conceito de máquinas conectadas começou então a se espalhar entre cientistas, que construíram redes similares em centros acadêmicos. No entanto, ainda eram poucos os que apostavam alto na inovação. Um desses visionários foi o cientista da computação americano Joseph Carl Licklider. Em 1962, portanto antes da Arpanet, ele previu que um dia existiria uma “rede intergaláctica”. Seis anos depois, em 1968, redigiu uma teoria na qual mostrava a viabilidade dessa rede com o uso de computadores. Licklider morreu em 1990, no exato ano em que a Arpanet foi desativada — justamente em consequência de sua inutilidade diante de outro sistema nascente, que viria a ser a tal “rede intergaláctica”.

O passo definitivo para a popularização da internet havia sido dado um ano antes, por Tim Berners-Lee, então pesquisador do Cern, organização europeia de pesquisas nucleares. Ele sugeriu uma forma de padronização da comunicação entre computadores que venceria o principal limite da expansão da rede. Antes, as máquinas não conseguiam se interconectar por, literalmente, não seguirem todas a mesma linguagem, ou seja, a mesma base de códigos de programação. Berners-Lee moldou então o protocolo do www — aquele mesmo que aparece no início do endereço de sites hoje em dia — e desse modo permitiu que qualquer dispositivo pudesse se ligar a outro.

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A partir daí, o crescimento da web tornou-se exponencial. No Brasil, a inovação começou a desembarcar em 1995. Havia então 40 milhões de pessoas, de 100 países, on-line. Hoje, só no Brasil são 139 milhões. No futuro, nem seremos nós, seres humanos, os principais navegantes desse vasto oceano virtual. Isso porque se estima que 125 bilhões de aparelhos de todos os tipos, de smartphones a geladeiras e carros, estarão amarrados a esse sistema, na agora chamada nuvem, compartilhando dados automaticamente, movidos por sistemas de inteligência artificial. Nesse tempo, regido pelo big data, o real deverá ser cada vez mais virtual — com tudo e todos interconectados. E já teremos ficado on-line muitos outros bilhões de anos.

Leia o artigo.

Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601

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