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Troca de guarda deve acelerar inovação na Microsoft

Para substituir Steve Ballmer, companhia precisa de um CEO visionário e sem medo de inovar, apostam analistas do mercado de tecnologia

Por James Della Valle
26 ago 2013, 16h55

Na última sexta-feira, o mundo da tecnologia foi surpreendido com a notícia de que Steve Ballmer, CEO da Microsoft, vai se aposentar no prazo de doze meses. O executivo, que substituiu Bill Gates como presidente da companhia em 2000, enfrentou turbulências no controle da empresa, o que levou consumidores e investidores a duvidar de sua capacidade para governar crises e se adaptar a mudanças repentinas. É tão impossível apagar a marca de Ballmer na gigante do software quanto negar que ele deixa a Microsoft estigmatizado com um gestor que não soube abraçar oportunidades e se adaptar a um novo cenário, dominado por empresas nascidas da internet – como buscadores e redes sociais.

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“Imaginar a Microsoft sem Ballmer não é tão surpreendente. Afinal, ele já havia falado sobre a aposentadoria. Mas, de fato, isso acontecerá antes do que se esperava”, diz David Cearley, vice-presidente da área de pesquisas da consultoria Gartner. “Sem ele, a companhia terá uma nova oportunidade de introduzir mudanças em seu modelo de negócios, acelerando a própria reinvenção.”

Cearley acredita que, por trás da aposentadoria, estão problemas enfrentados pela Microsoft nos últimos anos, incluindo atraso em projetos relacionados a tecnologias móveis e falhas nas últimas versões do Windows, que domina o mercado de desktops e notebooks. “Tudo isso recaiu sobre as costas de Ballmer, não importa se ele é ou não o culpado. Com o passar dos anos, o CEO se tornou um ímã para os problemas do gigante”, diz o analista.

A empresa, forte no setor de serviços e sistemas operacionais, teve a imagem arranhada ao perder o passo na evolução do mercado de dispositivos móveis. Isso detonou reclamações de investidores. Foram diversas as tentativas para reverter a situação, mas só há dois anos, com a reformulação da plataforma Windows Phone, e mais tarde com o Windows 8, os resultados começaram aparecer.

No setor de tablets, por exemplo, a companhia detém uma fatia de 4% do mercado e vem apresentando um crescimento modesto, mas estável. Ela ocupa o terceiro lugar em um campo de batalha dominado por Google (62,6%) e Apple (32,5%). No mercado de smartphones, o peso da marca é semelhante, com a plataforma Windows Phone: 3,7%, de acordo com a International Data Corporation (IDC), empresa especializada na análise de mercados de tecnologia.

“Os grandes pilares da tecnologia atual não são compatíveis com os principais produtos e com os ativos da Microsoft. Essa migração acelerada para o mundo móvel, onde a experiência do usuário e os dispositivos são importantes, obriga a Microsoft a ter uma atuação mais agressiva”, diz Fernando Belfort, analista líder de TI para a América Latina da consultoria Frost & Sullivan. “A empresa não está ganhando nenhuma batalha por mobilidade, mas essa é uma guerra muito grande, com vários conflitos que ainda serão travados. Daqui para frente, há uma perspectiva boa de crescimentos para os negócios.”

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O mercado parece ter a mesma opinião, uma vez que o valor das ações da companhia subiu 8% logo após o anúncio da aposentadoria de Ballmer. A partir de agora, a Microsoft tem doze meses para escolher seu novo executivo-chefe. Será, preferencialmente, uma pessoa em compasso com as tecnologias mais recentes e um ótimo conhecimento de negócios.

“O mercado quer que a companhia mantenha seu modelo de negócios e seu lucro, enquanto mantém o vigor em áreas nas quais está acostumada a atuar”, afirma Cearley. “Ela estaria bem melhor com alguém que viesse de fora da organização e com experiência em novas tecnologias e administração. Um visionário, que não tenha medo de fazer movimentos arriscados para fomentar modelos de negócio inovadores.”

O executivo do Gartner lembra que Ballmer foi uma peça essencial para a transformação da Microsoft em uma força dominadora do mercado de computação nos anos 90, ocupando diversos cargos administrativos enquanto Gates ficava responsável pela inovação tecnologia. “Ele fez muita coisa boa durante o seu tempo de trabalho na companhia, levando os negócios adiante. Infelizmente, ele demorou para entender as mudanças dramáticas do setor.”

Ballmer pode deixar a Microsoft com uma quantia equivalente a 10,7 bilhões de dólares. O montante é relativo às 333 milhões de ações da empresa que ele possui, cotadas, na sexta-feira, a 32,29 dólares cada. A alta dos papéis provocada pelo anúncio da aposentadoria de Ballmer rendeu ao empresário um extra de 750 milhões de dólares.

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