Os participantes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, chegaram nesta sexta-feira ao esboço de um acordo climático. O texto-base, que ainda está em discussão, não estipula metas de redução das emissões de gases poluentes, mas estabelece como alvo evitar que o aumento da temperatura da Terra ultrapasse os 2ºC.
Para evitar que o aquecimento global ultrapasse tal limite, os negociadores ainda preveem a criação de um fundo de 100 bilhões de dólares anuais até 2020 para ajudar as nações em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas.
O texto ainda diz que “cortes profundos nas emissões globais são necessários” e prevê a continuidade das negociações mesmo após o término de Copenhague, para que, antes do fim de 2010, um ou mais tratados sobre o clima sejam adotados. “Reconhecendo a visão científica de que o crescimento nas temperaturas globais não deveria exceder dois graus, as partes se comprometem com uma vigorosa resposta através de imediata e aumentada ação nacional baseada em fortalecida cooperação internacional”, diz o documento.
Obama – As negociações enfrentavam sérios problemas na manhã desta sexta, justamente ao entrar na reta final, com a chegada a Copenhague de Barack Obama, presidente de uma das potências mais poluidoras do mundo, para participar da reunião com mais de 110 líderes mundiais.
Os delegados falavam da continuação das disputas a portas fechadas entre países ricos e em desenvolvimento, que desde o início emperram as negociações na cúpula, iniciada há duas semanas na capital dinamarquesa.
O ministro do Meio Ambiente da Suécia, Andreas Carlgren, afirmou que ainda não havia um texto de acordo apenas uma hora antes de os presidentes e primeiros-ministros dos países participantes se encontrarem em um centro de convenções em Copenhagen.
Decisão – “Agora é com os líderes mundiais”, disse ele, indicando que os dirigentes teriam de tomar decisões de última hora para aprovar a declaração final sobre o clima. Ele culpou as posições dos EUA e da China, os maiores poluidores, pelo impasse da manhã desta sexta. Pouco antes da chegada de Obama a Copenhague, um delegado africano reclamou da proposta de declaração já em circulação. “É fraca. Não há nada ambicioso no texto”, disse Lumumba Di-Aping, do Sudão.
O acordo político seria visto por muitos como uma derrota, depois de dois anos de intensas negociações para um compromisso de cortes mais radicais das emissões de CO2 e outros gases ligados ao aquecimento global.
Os EUA e a China tentaram impulsionar as negociações na quinta-feira com um anúncio e uma concessão. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciou que Washington contribuiria com 100 bilhões de dólares por ano para um fundo contra as mudanças climáticas até 2020. Logo em seguida, a China ofereceu submeter à revisão internacional seu relatório sobre ações para reduzir as emissões de carbono.