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Soluções para problemas globais estão todas à mão, diz brasileira que passou pela universidade da Nasa

Durante participação na Campus Party, consultora falou sobre visita à Singularity University e sobre o projeto educativo Minha vida é ensinar

Por James Della Valle
4 fev 2013, 12h37

Em 2012, a consultora de desenvolvimentos de negócios Karla Amaral Lopez, de 31 anos, viveu uma experiência única: passou pouco mais de dois meses no campus da Singularity University, instituição de ensino sem fins lucrativos com sede no Ames Research Center, que faz parte do complexo da Agência Espacial Americana (Nasa) dos Estados Unidos. Durante a estada, ela manteve contato com especialistas de diversas áreas do conhecimento, todos empenhados em resolver problemas globais. Ela garantiu sua vaga após apresentar o projeto “Minha vida é ensinar”, durante o Call to Innovation – concurso da Singularity University que procura ideias que possam melhorar o mundo de alguma forma. Karla esteve na Campus Party, na semana passada, e falou aos campuseiros sobre as oportunidades que se abrem para os interessados em inovação. Confira a seguir a entrevista que ela concedeu a VEJA.

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Como nasceu o projeto Minha vida é ensinar? Ele nasceu de um blog que eu mantive entre 2003 e 2010. Lá, compartilhava lições que aprendi com meus projetos em educação on-line. O espaço também era utilizado para discutir minhas leituras e reflexões com outros profissionais da educação. A demanda por material sobre o uso de tecnologia na educação era tão grande que comecei a disponibilizar cursos e dinâmicas eletrônicas para professores de ensino fundamental e médio se atualizarem gratuitamente. A recepção foi tão boa que fiquei com essa sementinha em mim, esperando uma oportunidade para criar algo ligado ao desenvolvimento de professores. Ao tomar conhecimento do Call to Innovation, achei que seria uma boa oportunidade de testar essa ideia. Quando temos uma ideia, ela faz sentido na nossa cabeça, mas só quando ouvimos a opinião alheia ficamos sabendo se ela funciona ou não.

Como funciona o projeto? Ele tem três pilares: atualização profissional, resgate do respeito e geração de renda extra. A solução é uma comunidade de prática, em que os professores podem trocar experiências, tirar dúvidas e crescer juntos. Essa comunidade alimenta um sistema de reputação, em que os professores mais ativos e mais prestativos recebem pontos. Aqueles que chegam ao topo do ranking podem oferecer aos outros participantes seus planos de aulas e atividades de classes a preços acessíveis, com valores entre 2 e 5 reais. Esse novo formato de material didático é o ponto inicial perfeito para o professor novato – ou mesmo o veterano que precisa de atualização – testar novas formas de ensinar e guiar a dinâmica da turma: barato, já testado e prático.

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O que mudou após sua estada com a equipe da Singularity University? O GSP da Singularity é um programa muito intenso. Por isso, o projeto ficou suspenso quando me formei. Depois de passar por uma experiência tão rica, com 80 pessoas brilhantes de 36 países diferentes, não pude perder a oportunidade de seguir um projeto que acabou nascendo lá dentro, com alguns dos meus colegas, de gerenciamento de propriedade intelectual para impressão 3D. Isso é o que dá passar 3 meses no futuro!

Como foi falar sobre a sua experiência para os participantes da Campus Party? Foi muito bacana. Ver que as pessoas entenderam a mensagem do Salim Ismail, embaixador e professor da Singularity University, e aceitaram o chamado para o futuro.

Você acha que que conseguiu passar aos campuseiros um pouco da experiência vivida no campus da Nasa? Claro! Essa é a missão do Call to Innovation. Na coletiva que aconteceu durante o evento, vi um grupo de um projeto de alunos das escolas municipais da cidade de São Paulo. Foi ótimo poder contar para eles que eu também estudei em escola pública. Se eu tive essa oportunidade, isso significa que eles também a tem.

Você pode contar um pouco da sua experiência por lá? Não tem muito como descrever a Singularity. Nada se equipara com a experiência de estar lá. São basicamente 13 horas de atividades diárias, de segunda a sábado. Você acorda, almoça e janta conversando com pessoas que já estão dando forma ao futuro. Eles são influenciadores, cientistas, revolucionários e gênios. Imagine como é ter todo esse elenco reunido e comprometido com a solução de problemas globais.

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O que você viu de interessante por lá? Eu sempre gostei muito de tecnologia, mas confesso que a ideia de máquinas autorreplicáveis sempre me preocupou. Lá, conversando muito com o astronauta Dan Barry e com o especialista em políticas e segurança Marc Goodman, passei a entender por que essa tecnologia é necessária e também a fazer as perguntas certas para evitar que algo tão importante seja usado para fins não produtivos. Ao invés de me preocupar com a hipótese de que as máquinas vão infestar a Terra, passei a pensar em como máquinas autorreplicáveis ajudariam na reconstrução de uma área alagada. Imagine se, ao invés de levar todas as máquinas de terraplanagem e construção para um local de difícil acesso e sem segurança, pudéssemos levar apenas uma máquina dessas. Ela se encarregaria de montar as outras que realizariam os trabalhos, usando o metal retirado do solo onde ela está. Vou ainda mais longe: quão prática seria essa tecnologia no caso de colonização espacial?

Como essa experiência mudou a sua vida? Acho que todo mundo que passa pela Singularity lembra para sempre que a responsabilidade pelo futuro é dividida e acessível.

Que mensagem você deixaria aos aspirantes a desenvolvedores? Paul Graham, fundador da incubadora mundialmente famosa Y Combinator, escreveu um livro que chama Hackers & Painters, comparando os desenvolvedores a artistas. Segundo ele, as duas atividades são muito similares porque os dois criam algo do nada, de uma ideia, de um pensamento. Se você sabe programar, você pode fazer um software de automação de escritório ou um jogo para celular. Na Singularity eu conheci uma programadora chamada Fransiska Hadiwidjana, da Indonésia. Ela já desenvolveu para Microsoft e para o Google, mas hoje desenvolve o software do MedSensation, uma luva que vai permitir que você faça um exame sem precisar de médico. O que eu tenho a dizer aos aspirantes a desenvolvedores é a mensagem da Singularity: a responsabilidade pelo futuro é dividida e acessível. Se você quer usar as suas habilidades para desenvolver um software que vai impactar a vida de 1 bilhão e pessoas, tem tudo à mão: as ferramentas e pessoas para ajudá-lo estão à disposição.

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