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Sim, elas podem. E você também

Trocar o pneu, furar a parede, consertar um cano... No YouTube, mulheres ensinam a mulheres como encarar tarefas de domínio tradicionalmente masculino

Por Luísa Costa 29 abr 2017, 17h43

Quando se viu sem chão após ser agredida pelo então marido, a programadora e escritora Cara Brookins, 45 anos, deixou a casa em que morava com um grande objetivo: construir seu novo lar. Sem dinheiro e com quatro filhos para criar, apoiou-se quase que exclusivamente no YouTube para erguer uma casa de 325m², das paredes ao encanamento. A construção, que durou nove meses, ajudou Cara a refazer sua própria vida e virou o livro Rise: How a House Built a Family (“Ascensão: Como Uma Casa Construiu uma Família”, em tradução livre). “A mensagem que quis passar é que se alguém tão enfraquecido e improvável como eu pôde fazer isso, qualquer um consegue”, afirma Cara a VEJA.

Cara Brookins e seus filhos em frente à casa que construíram usando tutoriais do YouTube

Cara Brookins e seus filhos em frente à casa que construíram usando tutoriais do YouTube (Divulgação)

A façanha de Cara ilustra uma tendência que se espalha rápido entre as mulheres: o “faça você mesmo” de YouTube. Em particular, o nicho de tutoriais feitos por mulheres, para mulheres, de tarefas tipicamente masculinas — como a construção civil e a mecânica. A veterinária Beatriz Oliva, 25 anos, diz que já foi muito desencorajada por homens na hora de arrumar algum problema em casa – mas não se abateu. “Já usei tutorial do YouTube para desentupir ralo, trocar pneu, montar grelha, mexer na fiação de casa”, conta. 

Se em um primeiro momento eram elas a receber a informação, e a encontrar vídeos na internet com soluções práticas para o seu dia-a-dia, depois tornaram-se também poderosas interlocutoras. Com canais de YouTube com quantidade considerável de espectadores e seguidores fiéis, passam seu conhecimento adiante com desenvoltura de dar inveja a vlogueiras famosas.

Oi, meninas

Começar um tutorial com “Oi, meninas” é o maior clichê dos youtubers especializados em maquiagem. É com o mesmo entusiasmo que Paloma Cipriano, estudante de 23 anos, introduz os vídeos de seu canal. Mas em vez de pó compacto, corretivo e rímel, ela ensina a usar reboco, gesso e argamassa.

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“Minha mãe e eu sempre fizemos obras aqui em casa: concretar o quintal, levantar uma parede, essas coisas mais simples”, conta Paloma, cujos quase 40 tutoriais somam 5 milhões de visualizações. A youtuber diz colecionar histórias emocionantes de mulheres que seguiram suas dicas. “Uma senhora de cerca de 40 anos mandou uma foto. A casa dela não tinha nenhum piso. Ela começou colocando no quarto do filho dela e depois colocou na casa inteira”, diz Paloma, comovida.

Outro serviço que costuma ser associado à mão-de-obra masculina, o de mecânica automotiva, também ganhou sua representante nessa escola virtual. A mecânica Thais Roland, 36 anos, apresenta diversas dicas no canal Deixa Que Eu Faço.

Ex-analista de T.I., ela largou tudo para trabalhar com carros. Hoje, ela trabalha em uma oficina na Barra Funda (São Paulo), onde dá workshops de manutenção preventiva para mulheres. “Quando tem caras por perto, pude notar que elas ficavam desconfortáveis, tímidas. Na turma feminina, elas se sentem mais à vontade para tirar todas as dúvidas”, afirma.

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Thais conta que teve a ideia de criar o workshop após perceber que as mulheres tinham receio do ambiente da oficina. “Oferecíamos o serviço de leva e traz, e a maior parte das pessoas que optavam por ele eram mulheres”, afirma. “Mas a nossa é bonitinha, não tem calendário de mulher pelada”, brinca.

Reparos básicos (ou nem tanto)

Uma pesquisa feita pela University of Southern Mississipi concluiu que 80% dos projetos de melhorias na casa eram iniciados por mulheres. Com a cultura do “faça você mesmo” e maior acesso à informação, aliados a um mercado específico de produtos adaptados à mão-de-obra amadora, elas gradativamente se tornaram as principais executoras desses projetos. “Os dados que coletamos sugerem que iniciar um projeto de melhoria na casa intensifica o sentimento de empoderamento da mulher”, explica Marco Wolf, Ph.D. em Marketing Criativo que conduziu o estudo. Os processos envolvidos nas feitorias contribuem para isso: dar o pontapé inicial, dominar uma nova técnica, atribuir valor a um bem (ou economizar com algum serviço), trabalhar seu potencial criativo e ter um senso de propriedade.

Embora tais processos sejam caros às mulheres por uma situação díspar de gênero, passar por perrengues técnicos em casa é uma constante na atribulada vida moderna. Abaixo, uma seleção de tutoriais para lidar com situações rotineiras e executar melhorias básicas em casa.

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