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‘O que o Facebook oferece começa a atrair brasileiros’

Por Renata Moraes
5 ago 2009, 16h25

A rede social Facebook tornou-se o quarto endereço mais acessado no mundo em junho, atrás apenas de Google, Microsoft e Yahoo. Tem mais de 250 milhões de usuários, metade dos quais acessam o site diariamente para postar 143 milhões de mensagens. Se fosse uma nação, seria a quarta mais populosa do mundo. Seu criador, Mark Zuckerberg, que aos 25 anos é CEO de uma empresa com mais de 1.000 engenheiros, esteve no Brasil para discutir parcerias comerciais e falou a VEJA.com.

Qual o interesse do Facebook no Brasil?

No ano passado, com o objetivo de expandir o Facebook para mais regiões, autorizamos os usuários a traduzirem o site do inglês para outras línguas. O Brasil foi um dos líderes desse movimento, e recentemente vimos que teve uma expansão ainda mais acelerada – 133% esse ano. Temos mais de um milhão de brasileiros no Facebook, o dobro de três meses atrás. O Brasil tem muito potencial de crescimento, e então viemos aqui para mostrar o que estamos fazendo, explicar como funciona nossa plataforma. E, claro, fazer parcerias com empresas brasileiras. Um dos nossos objetivos é integrar vários sites com o Facebook Connect [sistema criado em dezembro de 2008, onde os comentários publicados em um site parceiro como o CNN, por exemplo, podem ser visualizados no perfil de cada usuário do Facebook].

As redes sociais são a nova revolução na internet?

A forma como as pessoas buscam na internet está mudando. Há uma década as pessoas começaram a buscar no Google as informações que antes buscariam off-line. Hoje a internet é usada para entrar em contato com amigos e familiares e boa parte do que as pessoas compram e aprendem veio da rede de relacionamentos, em sites como o Facebook. É realmente assustador, uma das coisas com que as pessoas mais se preocupam hoje é construir uma identidade on-line e estar em contato. Cada vez mais o que os conhecidos dizem na internet contribui na hora de fazer escolhas sobre o que fazer, o que ler, onde ir, o que comprar. Um grande passo vai ser dado nessa direção nos próximos dez ou quinze anos.

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No Brasil, há um grande concorrente, que é o Orkut, com 24,5 milhões de usuários. O Facebook tem 1,3 milhão. Há espaço para os dois sites?

Nos EUA, quando começamos a crescer o MySpace tinha quase cem milhões de usuários e nós apenas dez. E agora somos maiores que eles. Aconteceu o mesmo na Inglaterra e no Canadá. Talvez as pessoas não deixem de usar o Orkut [95% dos brasileiros que estão no Facebook também estão no site do Google]. Nos EUA muitas pessoas ainda usam MySpace, mas elas passam menos tempo nele. O Google é uma empresa gigante, mas não me parece que tenham investido muito no Orkut. Não fizeram atualizações e o nosso rápido crescimento por aqui mostra que as pessoas estão gostando do que o Facebook oferece.

Como o Facebook desbancou mídias sociais líderes em vários países?

Muitas empresas se davam bem localmente, mas quando começaram a se expandir pararam de inovar. O que atraiu nosso crescimento foi a questão da privacidade, criamos um ambiente seguro exigindo nome completo e email verdadeiro e asseguramos que as pessoas estavam mesmo conversando com seus amigos. Mas essencial foi o fato de abrirmos a plataforma para que os usuários desenvolvessem aplicativos [há mais de 350 000 aplicativos em atividade na plataforma]. Sabíamos que não seria possível oferecer tudo o que os usuários queriam e descentralizamos. Com estes aplicativos, as pessoas podem ter suas próprias ferramentas, sua página personalizada. Assim, temos uma rede global com características muito locais.

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As três maiores empresas da internet estão em uma corrida acirrada nos últimos meses. O Google lançou o Street View, Microsoft e Yahoo anunciaram uma parceira em seus sistemas de buscas no final do mês passado… Como o senhor enxerga o resultado dessa competição?

Quem produz inovação hoje são as empresas startups, que focam em um nicho específico. As grandes companhias estão querendo dar tiros para tantos lados que não estão focando em nada nem produzindo algo realmente inovador.

Um arcebispo inglês criticou as redes sociais de não serem espaço para relações verdadeiras. O que o senhor acha deste tipo de crítica?

Bem, até o papa está no Facebook. Amigos e familiares você visita, saem juntos. São de 5 a 30 pessoas no máximo que recebem essa atenção. Hoje, você pode ampliar o contato com uma pessoa que viu algumas vezes, fica sabendo o que está fazendo e em alguns momentos pode mandar um recado. É um serviço valioso, ainda mais em um sistema sem spams e seguro.

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Os anúncios personalizados são uma boa fonte de renda para sites que dispõe de tanta informação pessoal. Como se sentem os usuários em saber que suas informações vão ser usadas para lhes vender produtos?

O que estamos fazendo hoje é o seguinte: se você gosta de uma banda e esta informação aparece em seu perfil, por exemplo, vai ficar sabendo quando o grupo estiver fazendo um show na sua cidade e receberá ofertas de ingressos. Encomendamos estudos para entender se as pessoas consideravam isso invasivo. Ficamos supresos em constatar que a maioria sabe que suas informações são utilizadas para desenvolver propaganda e não se incomoda com o fato, porque o que está chegando a elas são coisas de seu interesse. E todos ganham com isso, as pessoas encontram o que procuram e as empresas lucram.

Chris Hughes, co-fundador do Facebook, foi coordenador da campanha presidencial de Barack Obama na internet. O Facebook teve alguma parceria durante a campanha?

Teve uma parceria para transmitir ao vivo a posse. Mas Barack Obama tem o maior perfil no Facebook, com mais de seis milhões de pessoas relacionadas, onde o presidente posta vídeos e compartilha informações, mas não temos nenhum acordo.

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Você criou o Facebook aos 19 anos. Sergey Brin, Larry Page e Bill Gates também eram garotos quando criaram o Google e a Microsoft. Por que na internet as mentes por trás das criações são sempre de jovens?

A maiorias dessas empresas são criadas enquanto estamos na faculdade. Acho que dois fatores explicam isso. Na área de tecnologia especificamente, em que as coisas mudam muito rápido, ajuda muito estar em um centro de discussão, que é a universidade. Outro ponto é que não temos trabalho, estamos com a mente livre para ter boas idéias e temos tempo para dedicar a projetos pessoais. Quando eu estava na faculdade o tema em alta era como a internet ia afetar a privacidade, os governos, a sociedade. O Facebook nasceu com essa filosofia central, de que a própria pessoa deve ter controle sobre o que se veicula sobre ela na rede.

O livro “Bilionários por acaso: A criação do Facebook � um conto de sexo, dinheiro, ganância e traição”, narra a criação do Facebook, e diz que o senhor era um estudante anti-social ganancioso que criou um site para ficar popular entre as garotas e participava de orgias.

Eu não li. Pelo que ouvi há coisas ridículas. É um livro ficcional.

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O senhor imaginava o alcance que seu projeto teria?

Jamais imaginei que atingiria 250 milhões de pessoas em quase noventa línguas. Criei a primeira versão do site em duas semanas, não porque tivesse pressa, mas porque era algo fácil de fazer. Estava de férias de verão e a idéia era colocar os alunos de Harvard em contato. Minha ambição era reunir metade dos 6 000 alunos. Em quatro meses já estava em 40 universidades. O negócio começou a crescer e agora penso: vamos precisar de mais servidores.

Mark ZuckerbergComo sua vida mudou depois de se tornar CEO do Facebook?

Sempre gostei de criar coisas. E no Facebook é isso que faço, passo a maior parte do tempo acompanhando o que os engenheiros estão criando. Somos uma empresa de tecnologia, então criamos o tempo todo. Viajo pelo mundo, trabalho com milhares de pessoas. Mas ainda estou trabalhando com meus amigos de Harvard e tendo boa parte da rotina de antes. Fama e dinheiro são coisas que não fazem minha cabeça. Moro em um apartamento que uma colega encontrou para mim e minha única exigência era que pudesse ir a pé para o trabalho. Acredito que faço algo que faz diferença no mundo, ajuda as pessoas a se expressar e a estar conectadas.

Qual a maior fonte de renda da empresa?

Nosso modelo de negócios é baseado em propaganda, porque o Facebook está em uma posição estratégica para conectar os consumidores às empresas. A maior parte dos gastos com anúncios é alocada para criar demanda de consumo. A própria natureza do Facebook, de compartilhar pensamentos, experiências e perspectivas, tem uma grande influência na demanda. Trabalhamos com 73 dos cem maiores anunciantes dos EUA. Também temos milhares de anunciantes mensais por meio do Facebook Ads System, nossa oferta de anúncios on-line.

Quanto vale o Facebook hoje?

Como somos uma empresa privada não temos preço público. Mas nossa estimativa é de dez bilhões de dólares.

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