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Dia das Crianças: o pedido é ser YouTuber

Nem astronauta, nem bailarina, criança hoje quer ser criadora de conteúdo

Por Marina Monzillo
7 out 2017, 12h09

Os vídeos assistidos nos tablets e smartphones influenciam o modo de falar, brincar e, principalmente, consumir das crianças que nasceram na última década. É comum os pais ouvirem bordões como “Olá, galerinha” e “Oi, peeeessoal” e verem uma série de trejeitos que são marcas registradas de famosos criadores mirins da internet, como Julia Silva, Felipe Calixto e Lelê, entre outros, no vocabulário e nas brincadeiras dos filhos pequenos.

Bianca, de 5 anos, por exemplo, não quer viajar para a praia nem sonha com a Disney nas férias. Ela pede para ir para Curitiba — onde mora um de seus YouTubers preferidos. Foi também por vídeos da plataforma de compartilhamentos que Nicole, de 6 anos, descobriu que Papai Noel não existe e aprendeu a falar espanhol.  Estevão, de 7 anos, aos 4 já sabia digitar palavras como “brinquedo” na busca do aplicativo.

Estevão Schoenfeld com o Peter Toys (Elane Martins Schoenfeld/VEJA)

Mas todos eles não se contentam apenas em assistir repetidas vezes os canais de seus ídolos. Eles desejam fazem igual. “O Estevão quer ser Youtuber, me pediu uma câmera profissional que filma até embaixo d’água e quer fazer um curso. Os primos já têm os próprios canais”, conta a mãe, Elane Martins Schoenfeld.

Nicole grava vídeos de DIY (bricolagem) com o pai, amante de marcenaria. “Ela pega tesoura, fita adesiva, papéis e grava tutoriais de artesanato”, conta a mãe, Bianca Bacci.

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A brincadeira não gera automaticamente exposição. Há pais que permitem a gravação, mas não sobem os vídeos no YouTube. Outros, até sobem, mas deixam em modo não listado, ou seja, oculto. Na falta de uma câmera à mão, vale o bom e velho faz-de-conta.

“A filha de uma amiga tem a linguagem já tão curtida na alma dela que, fazendo Skype com a avó, terminou dizendo: ‘Então tá, vovó, vou ficando por aqui, você deixa seu joinha e assina meu canal’. E ela nem tem canal”, conta Bia Granja, co-fundadora e diretora criativa do YOUPIX, um hub de fomento da indústria de criação de conteúdo digital.

Granja afirma que as crianças de hoje não se veem nos programas de TV. “Elas nasceram no digital, conhecem e aspiram isso. Naturalmente olham para o YouTube e ali acham pessoas parecidas com elas, que curtem o que elas curtem. A conexão, a identidade, é imediata e profunda. Eles querem e podem fazer igual.” Ela lembra que foi em 2010 que surgiram as primeiras personalidades do YouTube no Brasil, como PC Siqueira e Felipe Neto, mas entre 2013 e 2016, aconteceu um boom com o surgimento de criadores com apelo ao público mais jovem, como a Kéfera, e os vídeos de games como Minecraft.

Segundo Clarissa Orberg, responsável no Brasil pelo YouTube Kids, aplicativo que filtra e exibe apenas conteúdo destinado à faixa etária de menos de 13 anos e apresenta navegação mais amigável para quem não é ainda alfabetizado, existem cerca de 60 canais inseridos na categoria “família” com mais de 1 milhão de inscritos. “O aplicativo foi uma maneira segura de lidar com aumento de conteúdo infantil no YouTube, que não foi feito para essa idade. No termo de adesão, a idade mínima para criar uma conta é 13 anos. O Brasil é o terceiro país com maior número de downloads do YouTube Kids”. Além disso, 48% das crianças brasileiras acessam diariamente o aplicativo, que foi lançado em julho de 2016. Para o Dia das Crianças, o YouTube Kids produziu uma série de vídeos intitulada “Crescendo com a Web”, com entrevistas com 15 criadores mirins da plataforma.

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Orientar as crianças é o caminho

É comum os pais olharem para esse fenômeno sob a ótica das próprias referências da infância. “Não dá para comparar com ‘a nossa época’. Eles foram criados nessa lógica, têm outra relação com privacidade. O novo normal é se expor, estranho é não estar nas redes, mostrando o que está fazendo, o que gosta. Para eles, é natural”, opina Granja.

Enquanto os artistas mirins das décadas anteriores sofriam com as consequências da fama e do excesso de exposição, muito porque eram a exceção,  hoje, não ser parte desta cultura, que faz parte da identidade da geração, é que causa a sensação de exclusão.  “Preparar o filho para esse ambiente de exposição digital passa pelo modo que você educa.”

Curso de YouTuber

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De olho nessa vontade dos mais jovens de produzir vídeos, a escola de programação Happy Code desenvolveu o curso Seja um YouTuber, voltado para alunos de 8 a 17 anos. Ao custo de R$ 300 e carga horária de 6 horas, o programa é um dos mais procurados da rede, já concluído por cerca de 2500 alunos desde 2015. “Ensinamos as ferramentas da plataforma, como dar início a criação de um canal, direitos autorais, básico de roteiro e edição, desenvolvimento de vinheta, gravação de vídeos, correção dos erros captura de tela e sonorização”, explica Rodrigo Santos, fundador da escola que tem franquias em 17 estados e no Distrito Federal.

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