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Vírus frequente no corpo humano pode ajudar no acompanhamento da Covid-19

Taxas elevadas de TTV observadas por meio da saliva podem indicar evolução ou resolução da doença em infectados com o novo coronavírus

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 set 2021, 14h54

Um novo estudo da Universidade de São Paulo traz uma descoberta que pode servir como marcador de intensidade e recuperação da Covid-19. Trata-se da correlação entre o novo coronavírus e o TTV (torquetenovírus), um dos vírus mais frequentemente encontrado no organismo humano e que não está associado a nenhuma doença específica. Porém, quando ele aparece em taxas elevadas é porque  há algo de errado no sistema imunológico. “Analisamos amostras de 91 pacientes com infecção pelo SARS-CoV-2 confirmada por RT-PCR e de outras 126 pessoas com síndrome gripal que testaram negativo”, diz Maria Cássia Mendes-Correa, professora da Faculdade de Medicina (FM-USP) e uma das autoras do artigo publicado na revista PLOS ONE. “Observamos que os níveis de TTV aumentaram nos infectados pelo novo coronavírus – quanto mais altos, mais tempo eles permaneceram doentes – e que a queda da carga viral foi acompanhada de resolução dos sintomas. Já nos indivíduos não infectados, a concentração de TTV manteve-se estável durante todo o período sintomático”, avalia Maria Mendes-Correa, que também coordena o Laboratório de Investigação Médica em Virologia (LIM52) do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (IMT-USP), onde, há alguns anos, o TTV tem sido analisado em contextos variados.

Essa linha de pesquisa é comandada por Tania Regina Tozetto-Mendoza, bióloga e coautora do trabalho. “Temos estudado o TTV como um potencial biomarcador de certos desfechos clínicos, medido em diferentes fluidos biológicos”, diz. Com amostras coletadas de pacientes atendidos pelo programa Corona São Caetano, plataforma on-line criada para organizar o monitoramento remoto de moradores com sintomas da Covid-19, os pesquisadores do IMT-USP investigam como varia a eliminação do SARS-CoV-2 ao longo do tempo em diversos fluidos corporais, entre eles sangue, urina e saliva. “Tivemos a ideia de analisar nessas amostras a carga de TTV para ver se havia alguma relação com o quadro clínico da Covid-19. E os resultados mostram que o TTV, de fato, pode ser um marcador de evolução e resolução da doença. Quanto mais sintomático o paciente estava, maior era a carga de TTV na amostra”, conta Mendes-Correa.

Para este estudo, a análise da carga viral – tanto do TTV quanto do SARS-CoV-2 – foi feita usando amostras de saliva. Por meio de um questionário feito com os voluntários – que tinham sintomas leves ou moderados da Covid-19 – foi possível verificar que nenhum deles eram doentes imunossuprimidos. “Acredita-se que a Covid-19, ao provocar um desequilíbrio imunológico, pode levar a certo grau de imunodepressão. E isso favorece a replicação do TTV”, explica Mendes-Correa. Vale ressaltar que o índice elevado de TTV é usado para monitorar pacientes transplantados que precisam tomar remédios para evitar a rejeição do órgão, por exemplo.

De acordo com a cientista, não há uma aplicação clínica direta para a descoberta. Mas, no futuro, pode contribuir para aprimorar o diagnóstico e o prognóstico da Covid-19. “Uma das possibilidades é desenvolver um kit capaz de dosar vários biomarcadores da doença ao mesmo tempo e depois avaliar os resultados com o auxílio de algoritmos”, reflete a pesquisadora. “A medida da carga de TTV é um dos vários testes que podem ser incorporados nesses algoritmos para subsidiar o diagnóstico”, acrescenta. O atual estudo envolve a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), a prefeitura de São Caetano do Sul, a startup MRS – Modular Research System e o IMT-USP e conta com o apoio da Fundação de Apoio a Pesquisa de São Paulo (FAPESP).

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