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Uma força para o coração cansado

Um novo medicamento para a insuficiência cardíaca promete revolucionar o tratamento da doença ao reduzir em 20% a taxa de mortalidade

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h29 - Publicado em 7 dez 2014, 09h36

Uma das descobertas mais fascinantes da história da medicina foi feita pelo médico inglês William Harvey (1578-1657) acerca do sistema circulatório. Ao tomar em suas mãos o coração ainda vivo de cobaias de laboratório, ele testemunhou o funcionamento do intrincado labirinto de veias e artérias que entravam e saíam daquele “músculo oco”, segundo sua definição. “Durante o tempo em que o coração se move, contra­i-se por inteiro; encolhe as suas paredes; os ventrículos são reduzidos e expulsam o seu conteúdo sanguíneo (…) Quando o coração está tenso, a ponto de expulsar o sangue que estava anteriormente encerrado, empalidece e volta a relaxar e a permanecer quieto, mas logo em seguida, assim que o sangue volta a chegar ao ventrículo, o coração adquire a cor púrpura”, lê-se no livro Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis in Animalibus (Estudo Anatômico sobre o Movimento do Coração e do Sangue nos Animais), de 1628. “O coração é uma bomba”, concluiu Harvey. Abriu-se ali o caminho para o entendimento de uma doença que, descrita na Antiguidade, desafia a medicina até hoje: a insuficiência cardíaca sistólica – sístole é o movimento de contração do coração, quando ele ejeta o sangue para os outros órgãos e tecidos. Caracterizado pelo enfraquecimento do músculo cardíaco e, consequentemente, pela dificuldade de bombeamento do sangue do coração para o resto do organismo, o distúrbio decorre de alguns dos mais nefastos males da modernidade – infarto, hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade. Cada uma a seu modo, tais condições lesionam o músculo cardíaco, comprometendo o seu funcionamento. Com 26 milhões de doentes no mundo, 6 milhões deles no Brasil, a doença do coração cansado mata mais do que os cânceres de mama e de intestino juntos. Entre os brasileiros, há, em média, 27 000 óbitos por ano.

Um trabalho apresentado recentemente no Congresso da Associação Americana do Coração, realizado em Chicago, entusiasmou os especialistas. Ainda em fase de aprovação, o fármaco LCZ696 promoveu uma redução de 20% na taxa de mortalidade e de 21% nas internações, além de controlar os sintomas da insuficiência cardíaca. “Esse medicamento promete revolucionar o tratamento dessa doença”, disse a VEJA o cardiologista John McMurray, da Universidade de Glasgow, na Escócia, e líder dos estudos com a nova molécula. “Em todos os quesitos, o LCZ696 é melhor do que o tratamento-padrão.” A pesquisa feita com o remédio foi a maior e a mais reputada já realizada sobre o assunto. Durante 27 meses, os pesquisadores acompanharam 8 442 vítimas de insuficiência cardíaca de 47 países. Os resultados foram tão positivos que o estudo foi interrompido e o LCZ696, submetido à avaliação das agências sanitárias dos Estados Unidos e da Europa, a FDA e a Emea, respectivamente. Desenvolvido pelo laboratório Novartis, o medicamento deve chegar ao Brasil no início de 2016. Segundo a revista americana Forbes, a molécula tem potencial para ser um blockbuster, o famoso remédio arrasa-quarteirão que rende bilhões de dólares ao fabricante. “Desde os anos 80, não víamos um remédio com um impacto tão grande na taxa de mortalidade como o LCZ696”, diz o cardiologista Felix Ramires, do Instituto do Coração de São Paulo, coordenador dos estudos com a nova molécula no Brasil.

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