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Sobrevida média de pacientes com câncer de pâncreas que atinge Steve Jobs é de cinco anos

Doença que afastou presidente-executivo da Apple do cargo costuma ter um desenvolvimento mais lento, o que acaba aumentando tempo de vida do paciente após o diagnóstico

Por Aretha Yarak
25 ago 2011, 17h57

O câncer de pâncreas, doença que fez Steve Jobs pedir afastamento do controle da Apple, segunda empresa mais valiosa do planeta, é um dos tipos do mal com maior índice de mortalidade. O motivo que levou ao afastamento de Jobs ainda não foi publicamente explicado, mas tudo indica que tenha relação com os sérios problemas de saúde vividos pelo americano há quase oito anos. Desde 2003, Jobs enfrenta um subtipo raro da doença: o carcinoma neuroendócrino de pâncreas. Segundo a Organização Mundia de Saúde, todos os anos são registrados quase 145.000 novos casos de câncer de pâncreas e cerca de 139.000 mortes. Sem um diagnóstico precoce eficiente, a doença chega a vitimar, em até cinco anos, 95% dos pacientes que desenvolvem o tumor.

A doença de Steve Jobs

  1. 2003: Steve Jobs é diagnosticado com um câncer no pâncreas. Antes de se render aos tratamentos convencionais, ele tenta terapias alternativas durante nove meses
  2. 2004: O empresário passa por uma cirurgia para a remoção do tumor e chega a afirmar que o câncer havia sido exterminado. À época, Jobs afirmou não ter feito quimioterapia e radioterapia
  3. 2009: O empresário passa por um transplante de fígado. A operação poderia ter sido realizada para tentar reverter os danos causados pela metástase do tumor. Jobs, no entanto, nunca fez uma declaração pública explicando os motivos do transplante
  4. 2010: Jobs afasta-se temporariamente da direção da Apple, deixando Tim Cook no controle dos negócios

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Brasil o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 2% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 4% do total de mortes por câncer. Esse câncer é mais comum após os 50 anos de idade, e é quase duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. E de duas a três vezes mais frequente entre fumantes. A doença é costumeiramente subdividida em dois grupos: os tumores exócrinos, que crescem nos dutos responsáveis pela produção enzimas que ajudam na digestão, e os endócrinos, que se formam em células especializadas na produção de hormônios, como a insulina.

Entre os exócrinos, está o adenocarcinoma, tipo responsável por cerca de 95% dos casos de câncer de pâncreas no mundo. “Esse tipo tem um prognóstico muito ruim, a sobrevida do paciente pode ser de menos de um ano”, diz Raquel Riechelman, oncologista especializada em câncer gastrointestinal do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Isso acontece por dois agravantes: além das células cancerígenas tenderem a se multiplicar de maneira rápida, não há exames preventivos para detecção precoce do tumor. Como a cirurgia para remoção do tumor não é indicada para cerca de metade dos casos de adenocarcinoma, o tratamento da doença é feito com quimioterapia e/ou radioterapia.

Apesar de raro, o tumor do empresário Steve Jobs é um tipo menos agressivo da doença. Classificado entre os endócrinos, o carcinoma neuroendócrino de pâncreas costuma ter um desenvolvimento mais lento, o que acaba aumentando a sobrevida do paciente. Como tem origem nas células especializadas do órgão, ele pode interferir diretamente na produção de hormônios como a insulina e o glucagon (ambos relacionados ao diabetes). Nesses tipos de tumor, o tratamento geralmente tem origem com o procedimento cirúrgico, para tentar a remoção completa do tumor – e não costuma ser seguido de quimioterapia. Em geral, o procedimento depois da cirurgia é paliativo – com o objetivo de aliviar a dor do paciente. O protocolo é variado.

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Entre os sintomas do câncer de pâncreas estão, de maneira mais comum, a icterícia (olhos e pele ficam amarelados), que pode levar à coceira pelo corpo e a casos de infecções; vômitos; perda de peso sem causa aparente; falta de apetite; dores de cabeça; sudorese; mal-estar; e uma dor abdominal que pode ser irradiada para as costas. “Em casos mais raros, o paciente pode ter ainda diabetes, em função da obstrução do fluxo de substâncias”, diz Daniel Herchenhorn, chefe da Oncologia Clínica do Inca.

Prevenção – No Brasil, estima-se que haja todos os anos mais de 9.000 novos casos e quase 7.000 mortes. Segundo Antonio Carlos Buzaid, coordenador geral do Centro Avançado de Oncologia do Hospital São José, a doença é silenciosa e apresenta sintomas apenas quando já está em estágio avançado. “É muito difícil curar um paciente com câncer no pâncreas, porque, quando se descobre a doença, ela já está desenvolvida e até em metástase”, diz.

A taxa de sobrevida global no primeiro ano após o diagnóstico de adenocarcinoma é de 26%, com uma taxa de sobrevida de apenas 6% em cinco anos. Quando a doença consegue ser identificada em seu estágio inicial, no entanto, com a remoção do tumor ainda viável, a taxa de sobrevivência sobe para 23% no mesmo período. A sobrevida média de pacientes com câncer de pâncreas costuma ser de um ano para casos de adenocarcinoma e de até cinco anos para o carcinoma neuroendócrino – caso de Jobs.

Metástase – À medida que cresce, já em estágios avançados, o câncer de pâncreas pode atingir outros órgãos do corpo. Os primeiros afetados costumam ser o fígado e sistema linfático do paciente. “Em casos muito específicos e selecionados, o transplante de fígado pode ser benéfico”, diz Herchenhorn. Os especialistas afirmam, no entanto, que a técnica ainda pouco usual também traz riscos ao paciente. “Pode-se acabar colaborando com a metástase, porque no transplante você suprime o sistema imunológico do paciente”, diz Buzaid.

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