Segundo estudo, OMS subestima casos de osteoporose
Pesquisa conclui que a ferramenta da OMS para prever o risco de fratura por fragilidade, um artifício para identificar a osteoporose, não é condizente com os reais riscos dessa lesão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) subestima o risco de fraturas ósseas, principalmente para a população com menos de 65 anos ou que já tenha quebrado algum osso, de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM). Assim, seria mais difícil identificar reais casos de osteoporose.
CONHEÇA A PESQUISA
Onde foi divulgada: periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM).
Quem fez: Sophie Roux, François Cabana, Nathalie Carrier, Michèle Beaulieu, Pierre-Marc April, Marie-Claude Beaulieu e Gilles Boire.
Instituição: Universidade de Sherbrooke, no Canadá.
Resultado: Os pesquisadores concluíram que o cálculo da OMS para o risco de fratura por fragilidade, que é um indicativo para a osteoporose, subestima a necessidade de tratamento em pessoas com menos de 65 anos de idade e que já tiveram uma contusão.
A avaliação destes riscos é importante para que a OMS consiga prever a probabilidade de adultos entre 40 e 90 anos de quebrarem um osso em uma pequena queda – o que é chamado de fratura por fragilidade. Elas podem reduzir a mobilidade e até mesmo aumentar o risco de vida. Assim, essa ferramenta ajuda os médicos a identificar casos de osteoporose que não são diagnosticados pela análise da densidade mineral óssea, um fator comum para delimitar a presença ou não da doença. Mais da metade das fraturas por fragilidade ocorrem em pessoas que não são diagnosticadas com osteoporose pelo exame habitual.
O estudo avaliou o risco de fratura por fragilidade em 1 399 pacientes que já tinham sofrido do problema entre junho de 2007 e maio de 2012. Os pesquisadores usaram como base para o cálculo o Instrumento de Avaliação do Risco de Fratura (FRAX, na sigla em inglês), uma metodologia criada pela OMS para medir o risco de fratura de cada pessoa, com base em informações como idade, peso, altura e hereditariedade.
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Os cientistas constataram que, pelos critérios da OMS, apenas 42,7% dos participantes eram considerados indivíduos de alto risco de fratura. Mesmo depois de já terem uma fratura inicial, o que aumentaria as chances de uma nova quebra, 24% dos pacientes eram considerados com baixo risco e aproximadamente 20% com risco moderado de ter o osso quebrado. A conclusão dos pesquisadores foi de que o cálculo de risco utilizado pela OMS provavelmente subestima as probabilidade de futuras fraturas em jovens pacientes, homens e pessoas que já tiveram uma quebra por fragilidade.
“O FRAX é uma ferramenta útil de informação, mas não deve ser usado como o único e o melhor método para determinar se o paciente deve ou não tratar a osteoporose ou o enfraquecimento dos ossos”, disse Gilles Boire, coautor da pesquisa e professor de medicina da Universidade de Sherbrooke, no Canadá.