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O homem que voltou a enxergar graças a um chip

Miikka Terho chegou a perder a visão do olho esquerdo. Um sensor colocado atrás da sua retina está devolvendo ao finlandês as imagens do mundo

Por Aretha Yarak
5 nov 2010, 06h18

Quando abriu o olho esquerdo pela primeira vez – dezesseis anos após perder a visão completa devido à retinite pigmentosa (o funcionamento do olho direito também é deficiente) -, o finlandês Miikka Terho, de 46 anos, viu novamente o mundo, ao menos em suas formas. Bastaram três semanas de exercícios intensivos para que as imagens que inicialmente se restringiam a clarões e silhuetas se transformassem em figuras detalhadas, com precisão suficiente para distinguir tipos de talheres e para devolver a Miikka a segurança para se locomover por uma sala. “O implante foi a melhor coisa que me aconteceu no últimos tempos. Foi gratificante saber que a cirurgia não tinha sido em vão”, diz. Décimo primeiro voluntário a se submeter a um procedimento experimental e promissor, o implante de microchip por trás da retina, Miikka obteve os melhores resultados com a técnica criada pela equipe do alemão Eberhart Zrenner.

A ideia de usar a tecnologia computadorizada para trazer de volta a visão de pacientes não é nova. No primeiro semestre de 2009, um chip implantado na retina recebia informações vindas de uma câmera instalada nas lentes de um óculos e as enviava ao cérebro. Mas Zrenner conseguiu aperfeiçoar a ideia, em um procedimento pouco invasivo e, até o momento, seguro. “A diferença é o local onde o chip é implantado. No procedimento de Zrenner, ele é colocado debaixo da retina e só é indicado para pacientes que perderam completamente a visão”, diz Mario Mota, oftalmologista presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.

A ritinite pigmentosa é uma doença genética que deteriora os pigmentos do olho que absorvem a luz. Ela geralmente se manifesta entre os 10 e 20 anos de idade e tem uma progressão lenta, que pode levar anos para chegar ao seu ápice. “Na maioria dos casos, o paciente não perde a visão total. Ele continua capaz de se locomover sozinho, por exemplo”, diz Mota. Mas Miikka não teve tanta sorte.

Com a perda progressiva dos fotorreceptores da sua retina, ele perdeu a visão total do olho esquerdo aos 30 anos. “Foi quando perdi a capacidade de ler”, relembra. Havia uma única maneira de reverter a cegueira: substituir as células fotorreceptoras danificadas por outras, capazes de dar continuidade ao processo de transmissão de imagem. O chip criado por Zrenner faria esse papel. “Voltei a ser capaz de ver tudo o que estava em cima de uma mesa. Desde então, foram três meses maravilhosos. Não vejo a hora de colocar a nova versão melhorada do chip”, diz Miikka.

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Apesar de ter os dois olhos prejudicados pela ritinite pigmentosa, Miikka atravessou os três meses da fase experimental com o chip apenas em um deles, o esquerdo, onde o problema era mais grave. “Se tivesse o dispositivo nos dois, eles poderiam não se sincronizar perfeitamente. Pelo menos até o momento, é mais sensato colocar apenas em um”, diz o paciente.

A opção médica não foi aleatória. De acordo com o oftalmologista Mario Mota, um dos riscos da operação é o descolamento total da retina, o que pode deixar o paciente cego. “Os benefícios que a cirurgia pode trazer, então, acabam sendo muito maiores do que os riscos”, diz. Como todo procedimento invasivo, a operação tem ainda chances (pequenas) de hemorragia interna e infecção pós-operatória.

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