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Música ajuda a reduzir rejeição de órgãos, diz estudo

Pesquisa observou que sessões de audição de música clássica ou ópera aumentaram células de defesa de camundongos após transplante de coração

Por Da Redação
23 mar 2012, 17h42

Uma pesquisa feita na Universidade Jutendo, no Japão, mostrou que a terapia com música clássica interferiu diretamente no sistema imunológico de camundongos e diminuiu o índice de rejeição dos animais que haviam recebido um transplante de coração. O estudo foi publicado nesta sexta-feira no periódico Journal of Cardiothoracic Surgery.

Opinião do especialista

Ana Maria Ferreira de Souza

médica pediatra e pesquisadora do Grupo de Estudos da Dor da Divisao de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP e especialista em musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música

Há muitos estudos que associam a melhora de um paciente com os mais diversos problemas de saúde às terapias com música, especialmente às sessões em que o indivíduo escuta as múscas (eles também poderiam manusear instrumentos). Os melhores resultados costumam ser relacionados ao estilo clássico.

Esse estudo acompanha, de maneira geral, resultados de demais pesquisas. A música proporciona momentos de relaxamento e distração a um paciente que está sentindo dor ou está em um condição pós-operatória.

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A pesquisa mostrou, embora isso ainda não seja explicado, que a musicoterapia proporciona bem estar a uma pessoa e é eficaz como uma intervenção de apoio no tratamento de doenças.

De acordo com a pesquisa, é sabido que a música é capaz de influenciar o bem-estar de uma pessoa, diminuindo o stress, a ansiedade e até as dores após uma doença ou uma cirurgia. No entanto, há poucas evidências que determinem de que maneira a terapia baseada em música influencia o sistema imunológico de um paciente.

Nesse estudo, os pesquisadores japoneses observaram a recuperação de camundongos que haviam passado por um transplante cardíaco. Os animais foram divididos em grupos e todos foram submetidos a sessões de terapia com música. Cada grupo foi exposto a um estilo musical diferente – ópera, clássico e New Age – ou a algum som com uma única frequência, durante sete dias.

Resultados – Os ratos que foram expostos à música clássica ou à ópera tiveram maior sobrevida após o transplante do que os animais que ouviram New Age ou sons de frequência única na terapia. Os pesquisadores também observaram que os ratos que pertenciam ao grupo da música clássica e da ópera apresentaram maiores quantidades de linfócito T CD4, células de defesa que regulam a resposta imunológica do organismo.

Embora o mecanismo que explique essa ação não seja conhecido ainda, os pesquisadores afirmam que o estudo evidencia que a música, e não só a ópera e a clássica, influencia o sistema imunológico de um indivíduo.

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Evidências – Como o próprio estudo citou, há diversas pesquisas que relacionam as terapias que submetem os pacientes ao contato com a música com a melhora de quadros pós-operatórios, de dores crônicas, entre outros. Um estudo feito pela Universidade de Drexel, nos Estados Unidos e divulgado em 2010 pela The Cochrane Library, por exemplo, observou que pacientes que respiravam com a ajuda de aparelhos apresentaram menos ansiedade e uma recuperação melhor quando ouviam alguma música do que aqueles que não entraram em contato com esse tipo de abordagem. Nesse mesmo ano, a Universidade de Tel Aviv, em Israel, concluiu um estudo mostrando que ouvir 30 minutos de Mozart todos os dias pode ajudar bebês prematuros a ganharem peso. Essa pesquisa foi publicada no periódico Pediatrics.

No Brasil, alguns levantamentos nessa área também já foram feitos. Em 2006, o Jornal de Pediatria, publicação da Sociedade Brasileira de Pediatria, publicou uma pesquisa feita na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) que buscou estudar os efeitos terapêuticos da música em crianças que haviam passado por uma cirurgia cardíaca. Esses pacientes ouviram música clássica em sessões de 30 minutos e tiveram uma melhora mais significativa em aspectos como frequência cardíaca e respiratória e redução da dor do que pacientes que não ouviram música.

Alívio da dor – Em São Paulo, pesquisadores do Grupo de Estudos da Dor da Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) concluíram uma pesquisa no final de 2011 que aplicou sessões de musicoterapia em pacientes com dores crônicas. A médica Ana Maria Ferreira de Souza, que participou do estudo, explica que a terapia foi aplicada em sete grupos de oito pacientes cada. Eles foram submetidos a oito sessões do procedimento, que duravam 80 minutos e eram feitos uma vez por semana. “Cada sessão apresentava um dos métodos da musicoterapia ao paciente, que podem envolver desde audição de uma música até a composição de uma canção por meio de instrumentos musicais”, diz.

Os participantes responderam a questionários sobre saúde e qualidade de vida antes, durante e ao longo de um ano depois do tratamento e foram comparados a um grupo de controle que não foi submetido à musicoterapia. Os resultados mostraram que houve significativa melhora nos quadros de depressão e de qualidade de vida, especialmente em relação a condições físicas, e diminuição na quantidade de medicamentos tomados. “Essa é uma psicoterapia, ou seja, ajuda os pacientes pois eles deixam de ficar voltados apenas a sua condição de saúde e passam a sentir-se mais criativos e relaxados”, diz a médica.

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