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Esperma pode ser estratégia de tratamento contra o câncer

Cientistas alemães transformaram espermatozoides em minúsculas 'armas' para atacar doenças do sistema reprodutor feminino

Por Da redação
Atualizado em 17 abr 2017, 18h27 - Publicado em 11 abr 2017, 10h42

A ideia de utilizar espermatozoides como uma ‘arma‘ contra o câncer tem ares de ficção científica? Pois saiba que isso já está acontecendo. Segundo informações do site especializado Science Alert, o tratamento de tumores, sem prejudicar células saudáveis, sempre foi um desafio e uma questão de ‘pensar fora da caixa’ para a ciência. Por isso, não é surpreendente que pesquisadores tenham decidido usar espermatozoides na luta contra doenças do sistema reprodutivo feminino, como tumores ginecológicas, endometriose e doenças inflamatórias pélvicas.

Cientistas do Instituto de Nanociências Integrativas e da Universidade de Tecnologia de Chemnitz, ambos na Alemanha, decidiram envolver espermatozoides em uma espécie de “armadura” de ferro e, em seguida, orientá-los para um alvo com a ajuda de campos magnéticos.

De acordo com os autores, essas células já são adequadas para navegar nesse ambiente. Além disso, suas membranas oferecem uma maneira perfeita de “embalar” drogas de forma a evitar problemas de percurso, como diluição, respostas imunes ou quebra de enzimas pelo corpo – como pode acontecer com outros possíveis mecanismos, como lipossomas (uma espécie de ‘bolha’) ou bactérias.

Teste em laboratório

Os pesquisadores testaram sua ideia impregnando espermatozoides de bovinos em uma medicação quimioterápica chamada doxorrubicina, comumente usada para tratar cânceres ginecológicos ao interromper a construção de certas moléculas de proteínas grandes.

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Para conduzir o esperma na direção certa, a equipe usou uma impressão 3D chamada nanolitografia para criar uma “armadura” minúscula revestida com uma fina camada de ferro. O “terno” de ferro respondeu a campos magnéticos usados para orientar o nado do esperma em uma direção específica. Quatro braços flexíveis foram construídos na frente da armadura e foram projetados para dobrar à medida que eles alcançavam a célula e, em seguida, liberar o esperma de seu “guia”.

O minúsculo exército foi então submetido a uma série de experimentos para testar sua motilidade, orientação e capacidade de levar o médico até células cancerígenas fabricadas de laboratório, chamadas HeLa.

Embora a armadura tenha retardado a velocidade pela metade e o medicamento tenha impactado levemente a distância percorrida pelos espermatozoides, eles ainda conseguiram se mover orientados pelo comando e entregar o medicamento dentro das células cancerígenas, pelo menos em laboratório.

“Embora ainda existam alguns desafios a serem superados antes que esse sistema possa ser aplicado em ambientes in vivo [em pessoas], esse sistema pode ser visualizado como uma potencial aplicação no diagnóstico e tratamento de tumores in situ [em  seu local natural], em um futuro próximo.”, concluíram os autores.

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A pesquisa foi divulgada no site de pré-publicação arXiv.org, onde está disponível para outros pesquisadores interessados ​​em discutir o assunto antes dos autores enviaram o trabalho para revisão.

Câncer de colo do útero

O câncer de colo do útero foi responsável pela morte de 266.000 mulheres ao redor do globo em 2012, o que por si só corresponde a 7,5% de todas as mortes por câncer entre as mulheres. No Brasil,  são esperados 16.340 casos novos de câncer do colo do útero por ano, com um risco estimado de 15,85 casos a cada 100.000 mulheres, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para determinar o quão eficaz este método de entrega pode realmente ser e a possibilidade de efeitos colaterais associados às armaduras descartadas, este é um primeiro passo em direção a um tratamento que poderia ajudar a salvar a vida de milhares de mulheres ao redor do mundo que são diagnosticadas com câncer ginecológico anualmente.

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