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Escolheremos todas as características dos nossos filhos?

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h39 - Publicado em 29 jan 2010, 12h12

Qual será a cor dos olhos do seu filho? Utilizando a regra de probabilidades aprendida no ensino fundamental, seria fácil descobrir quais as chances de uma criança nascer com olhos claros ou escuros. A ferramenta, no entanto, pode não fazer mais sentindo no futuro próximo. No ano passado, a clínica de fertilização americana Fertility Institutes anunciou em seu site que em pouco tempo disponibilizaria o serviço de escolha de cor de pele e dos olhos a partir do diagnóstico genético pré-implantacional – em que o melhor embrião é escolhido para a gestação.

Após críticas severas da comunidade médica, o anúncio foi retirado do ar. Mas permaneceu a dúvida: já é – ou será em breve – realmente possível fazer isso? Geneticistas ouvidos por VEJA.com acreditam que apontar e manipular os genes que determinam cor de cabelo, pele e olhos não é tarefa difícil atualmente. “Portanto, esse não seria um procedimento caro”, afirma Luiz Vicente Rizzo, imunologista e superintendente do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein.

Outra escolha que está ao alcance da ciência é a do sexo do bebê. Nos Estados Unidos, a opção já está autorizada. Por aqui, porém, a prática é proibida pelo Conselho Federal de Medicina. Para especialistas, a escolha do sexo pode ser considerada o início da eugenia.

Mais difícil seria atender outras demandas paternas. Pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina de Nova York revelou que 10% dos entrevistados apoiavam testes genéticos pré-natais que favorecessem o desenvolvimento de filhos de porte atlético. Igual parcela queria interferir na estatura e 13%, na inteligência. Para os geneticistas ouvidos por VEJA.com, esses ainda são desejos mais distantes, levando-se em conta o que a ciência sabe hoje.

“Construir geneticamente um corpo atlético, por exemplo, é uma grande fantasia”, sentencia Decio Brunoni, geneticista do berçário do Hospital e Maternidade São Luiz e coordenador do Centro de Genética Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Não se sabe quais são os genes que formariam esse corpo atlético – devem ser centenas de genes. A grande maioria das características humanas são multifatoriais, dependem de dezenas de genes e da interação com meio ambiente.”

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O ceticismo dos especialistas pode desanimar também aqueles que querem gerar gênios, elevando geneticamente o Q.I. do filho na fase embrionária. “É impossível”, garante Brunoni. “A pessoa nasce com o seu potencial genético, que é uma média do potencial da família. O resto é cultura.” Segundo o geneticista, não há um gene específico que determina o grau de inteligência de um indivíduo. A responsabilidade recai sobre vários deles – e também sobre o conjunto. “Trata-se de uma pesquisa que se desenrolará durante todo este século. Por ora, não temos nenhuma perspectiva a respeito, indicando uma receita para construir um cérebro mais inteligente”, vaticina.

A geneticista Mayana Zatz, colunista de VEJA.com, resume a o tamanho do obstáculo à frente da ciência. “Características do embrião como cor dos olhos, cabelo e pele dependem exclusivamente de genes – então, saberemos cada vez mais a respeito. Inteligência e outras, que dependem do ambiente, são mais complicadas”, diz Mayana.

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