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Cientistas revertem envelhecimento de camundongos

Processo é controlado por uma enzima. Outro grupo de pesquisadores, contudo, diz que a técnica pode multiplicar o câncer

Por Da Redação
30 nov 2010, 10h29

Retardar ou até mesmo reverter o envelhecimento pode não estar tão longe do alcance humano. Pesquisadores do Instituto de Câncer Dana-Farber e da Universidade de Harvard, em Massachusetts, conseguiram rejuvenescer com sucesso ratos de laboratório, reportou a última edição da revista Nature. A descoberta abre a possibilidade de desacelerar também o envelhecimento humano e tratar pessoas com envelhecimento precoce. Mas há quem se oponha ao tratamento, como alguns pesquisadores americanos que alegam que o método pode alimentar o crescimento de tumores.

O feito foi possível graças ao controle de uma enzima chamada telomerase. Os ratos usados na experiência eram incapazes de produzir a enzima e, por isso, envelheciam mais rapidamente. Mas bastou reativar a produção de telomerase para que os roedores voltassem à juventude. “Isso nos faz pensar sobre a telomerase como um sério agente antienvelhecimento”, diz Ronald DePinho, geneticista líder do estudo.

Para entender o experimento, é preciso compreender também o processo de envelhecimento. Cada célula do corpo humano tem uma “capa protetora” de seus cromossomos, os telômeros. Cada vez que essas células se dividem para se multiplicar, esses telômeros vão encurtando. Até que um dia, eles ficam tão curtos que tudo que resta às células é morrer. O que os pesquisadores fizeram nessa pesquisa – e esperam fazer com as células humanas – foi fortalecer os telômeros, para que o período de multiplicação das células aumentasse.

Os ratos criados pela equipe de DePinho foram projetados geneticamente para ter uma telomerase inativa, mas que poderia ser religada na presença de uma substância chamada 4-OHT. Eles envelheceram muito rápido, desenvolvendo doenças típicas de idades avançadas, como a osteoporose, e tinham uma fertilidade quase nula. Depois de chegarem à idade adulta, foram alimentados com 4-OHT por um mês.

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“O que realmente nos pegou de surpresa foi a dramática reversão dos efeitos que vimos nesses animais”, disse DePinho à revista Scientific American. Os testículos dos ratos cresceram novamente e os animais recuperaram a fertilidade. Outros órgãos, como o baço, fígado e intestino, recuperaram-se de seu estado degenerado. Até o cérebro dos animais teve uma melhora de performance. “Isso nos dá a sensação de que há um ponto de retorno não só para o envelhecimento, mas para desordens associadas à idade”, disse DePinho.

Alguns cientistas, porém, defendem que aumentar a quantidade de telomerase no corpo humano é uma manobra perigosa. Para eles, a enzima poderia provocar a proliferação de tumores, uma vez que sofre mutações facilmente no corpo humano. “O rejuvenescimento do telômero é potencialmente muito perigoso, a menos que você se certifique de que ele não estimula o câncer”, diz David Harrison, que pesquisa o envelhecimento no Laboratório Jackson, em Bar Harbor. O especialista afirma ainda que o estudo comandado por DePinho “não estuda o envelhecimento normal, mas o envelhecimento em ratos feitos grosseiramente anormais”.

DePinho e seus colegas reconheceram que existem muitos outros fatores que influenciam o envelhecimento além da telomerase, mas defendem que esse pode ser um de muitos tratamentos combinados para retardar o envelhecimento. Para eles, a telomerase poderia ainda inibir o crescimento de tumores, uma vez que estimularia a replicação de células saudáveis.

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