Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Cesarianas são mais da metade dos partos no Brasil

Na rede privada, proporção de partos cirúrgicos chega a 88%. Recomendação da Organização Mundial da Saúde é para que cesáreas sejam até 15% do total

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
29 Maio 2014, 17h20

Mais da metade dos partos realizados no Brasil atualmente são cesarianas, de acordo com uma pesquisa apresentada na tarde desta quinta-feira pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Ministério da Saúde. O estudo, que envolveu 23.894 parturientes em 191 municípios, mostrou que 52% dos partos são por cirurgia, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até 15%. Na rede privada de saúde, a proporção de cesáreas é ainda maior: 88%. A grande proporção desse tipo de nascimento é considerada “epidemia” pelos especialistas em saúde, por representar aumento no risco de nascimentos prematuros, com riscos de complicações respiratórias para o bebê.

O problema não está na cesariana, especificamente, mas nos agendamentos que podem tornar o parto prematuro, como mostrou reportagem do site de VEJA. Daí a importância ainda maior da orientação dos médicos. Com os agendamentos, a tendência é de se encurtar a gravidez. E o índice de nascimentos prematuros também é alto no Brasil, de 10%, quando o aceitável internacionalmente é de 3%. “A quantidade de bebês que nasce prematuramente no Brasil tem aumentado assustadoramente. Reduzir esse número é um dos maiores desafios no campo da saúde da criança”, explicou ao site de VEJA o diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), do Ministério da Saúde, Dário Pasche, no ano passado.

A grande proporção de cesáreas, e a concentração maior na rede privada, eram conhecidos. O estudo Nascer Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, no entanto, revela algo que se suspeitava, mas ainda não havia sido comprovado: a influência dos médicos na opção pelo parto cirúrgico. De acordo com o documento apresentado esta tarde, na rede privada, 36% das mulheres que esperam o primeiro bebê relataram, no início da gestação, intenção de se submeter às cesáreas. No fim do período pré-natal, esse índice salta para 67% e, ao fim, 89% terminam optando pela cirurgia.

Leia também:

O parto normal em extinção no Brasil

Continua após a publicidade

De acordo com os autores da pesquisa, o medo de sentir dor durante o parto normal, a comodidade de poder marcar o dia e a hora da cirurgia e a influência do médico que acompanha a paciente são algumas das explicações para a grande proporção de partos cirúrgicos.

“A cesariana é mais conveniente para o médico, que consegue agendar os procedimentos sem ter que ficar à disposição de cada gestante. A posição do médico influencia a paciente, mas as experiências de amigas e familiares também têm peso. Mas ressaltamos que é equivocada a visão de que a cesariana é a forma mais segura de parir”, disse a coordenadora da pesquisa, Maria do Carmo Leal.

O aumento na proporção de mulheres que opta pelo parto cirúrgico, verificado na rede privada, não se repete na rede pública. Entre as mulheres que dão à luz nos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS), 44,8% foram submetidas à cesariana.

Leia também:

Quase um terço da população mundial está obesa ou acima do peso

O trabalho indica ainda que 30% das gestantes entrevistadas não desejavam estar grávidas, 9% ficaram “insatisfeitas” com a gravidez e 2,3% contaram que chegaram a tentar interromper a gestação. Segundo a pesquisa, 26% das que participaram do estudo apresentaram sinais de depressão entre 6 e 18 meses após o parto.

Segundo a Fiocruz, a pesquisa vai auxiliar o Ministério da Saúde a adotar políticas pública para reduzir a incidência de cesarianas no país.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.