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A perigosa moda de usar anticoncepcional para emagrecer

A lutadora de UFC brasileira Cris Cyborg afirmou ter tomado pílula para emagrecer. Especialistas ouvido por VEJA alertam para os riscos desse tipo de uso

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 out 2016, 08h30

Recentemente, a lutadora paranaense Cris Cyborg, de 31 anos, contou ter recorrido à ajuda de uma pílula anticoncepcional para perder o peso necessário para lutar no UFC Brasília, que aconteceu no último final de semana. A sueca Lina Lansberg, a brasileira penou para conseguir emagrecer, em apenas uma semana, os 10 kg necessários para chegar ao peso-casado (quando lutadores diferentes categorias estabelecem um meio-termo para lutar) de 140 libras (63,5 kg) estipulado para a competição.

“Comecei a tomar pílula anticoncepcional, meu corpo ficou um pouco estranho, mas confio no meu nutricionista, George Lockhart. Nunca usei isso antes, mas comecei agora, porque ele disse que vai me ajudar a perder peso. Depois dessa luta eu não usarei mais, porque não quero que meu corpo fique como está por mais tempo.”, disse em entrevista ao programa The MMA Hour.

A declaração de Cris gerou polêmica principalmente por dois fatores: o uso do anticoncepcional para emagrecer e o fato de tal indicação ter vindo de um nutricionista.

“Anticoncepcional não emagrece. Não existe nenhuma evidência científica que seu uso possa contribuir para a perda de peso.”, afirma Cintia Cercato, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). 

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A especialista ressalta, inclusive, os riscos associados ao método. “O anticoncepcional é um excelente método contraceptivo, mas, como todo medicamento, tem efeitos colaterais que podem ser graves,  por isso é necessário que ele seja prescrito por um médico que irá para avaliar o custo benefício do uso. É um absurdo a prescrição por um nutricionista, ainda mais com essa finalidade, que não é nem off-label (indicação que não está na bula, mas que tem base científica consolidada).”

As pílulas anticoncepcionais aumentam o risco de desenvolver trombose, principalmente entre mulheres com obesidade, que têm histórico familiar da doença, fumam e/ou sofrem de enxaqueca. O fato é que os contraceptivos orais afetam o sistema circulatório da mulher, aumentando a dilatação dos vasos e a viscosidade do sangue. Como resultado, é possível que se formem coágulos nas veias profundas, localizadas no interior dos músculos. É mais comum que isso ocorra nas pernas, mas é também possível que o problema surja nos pulmões e até no cérebro, onde pode haver um acidente vascular cerebral (AVC).

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Em relação à perda de peso, em geral, o que se houve das mulheres que usam o método como contraceptivo é justamente o contrário: o ganho de peso. Que, na maioria das vezes está associado à retenção de líquido causada pelos hormônios que compõem a pílula do que o ganho de peso em si.

“O anticoncepcional não se presta para o emagrecimento, muito pelo contrário, dependendo do hormônio utilizado, ele pode inclusive causar o aumentar o peso. Isso, na verdade, vai depender muito do tipo do anticoncepcional, da dosagem do estrogênio – se é à base de estradiol ou etinilestradiol (estrogênio sintético) e do tipo de progesterona. Mas se a gente for generalizar, é absolutamente contra indicado o uso de anticoncepcional para perder peso. Não tem indicação e não tem nenhum resultado em relação a isso”, explica Dolores Pardini, presidente do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sbem.

Ambas as especialistas ressaltam que não existe milagre nem fórmula mágica para emagrecer. O “segredo” continua sendo mudança de estilo de vida, ou seja, com a incorporação de dieta e exercícios físicos à rotina. Quando há obesidade ou muito excesso de peso “é importante também procurar um endocrinologista, que é o especialista em tratar excesso de peso. Após uma avaliação cuidadosa, de quais problemas podem estar implicados, é possível estabelecer um tratamento baseado em evidência científica, que tenha comprovação de estudos clínicos de que ela vai ter um tratamento efetivo para perder peso”, diz Cintia.

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