Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Todos saíram perdendo

Repressão aos catalães que foram votar em referendo pegou mal para o governo espanhol

Por Luiza Queiroz
Atualizado em 30 jul 2020, 20h35 - Publicado em 6 out 2017, 06h00

O referendo sobre a independência da Catalunha, realizado no domingo 1º, terminou pior do que começou, com disparos de balas de borracha e mais de 800 cidadãos e 33 policiais feridos. Eleitores, inclusive idosos, foram empurrados, chutados e agredidos com cassetetes, numa repressão que chocou pela brutalidade. Alguns chegaram a ser arrastados pelos cabelos e jogados escada abaixo pela tropa de choque, enviada a Barcelona e arredores com a missão de impedir a realização da consulta. No final, dos 2,2 milhões de votantes, 90% disseram sim à independência da região, que responde por 20% do PIB espanhol embora concentre apenas 15% da população total.

As cenas de agressão pesaram contra o primeiro-ministro Mariano Rajoy, do Partido Popular (PP), que na véspera se viu impelido a fazer algo contra o referendo, declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional. “Se a ideia dele era deslegitimar o voto, Rajoy podia apenas ter se limitado a não reconhecer o resultado, no que seria apoiado pelos demais partidos de sua coalizão”, diz o pesquisador belga Steven Blockmans, do Centro para Estudo de Políticas Europeias, em Bruxelas. Em vez disso, mandou descer a bordoada — e já perdeu o apoio do Partido Nacional Basco, de uma região em que o orgulho separatista também é forte.

Para os independentistas catalães, o balanço também não foi positivo. Cerca de 58% dos eleitores da Catalunha ficaram em casa e não foram votar. “Entre 70% e 80% apoiaram a realização do referendo, mas só 40% querem de fato a independência”, afirma a cientista política espanhola Astrid Barrio, da Universidade de Valência. A abstenção foi maior na cidade de Barcelona, a mais cosmopolita e, portanto, menos nacionalista. “Barcelona é lar de milhares de espanhóis não catalães, europeus do Leste, latino-americanos e da maior comunidade muçulmana na Espanha. As pessoas têm medo de que a independência da Catalunha se torne xenofóbica”, diz Omar Encarnación, professor de estudos ibéricos da Universidade Bard, nos Estados Unidos. No referendo da Catalunha, o saldo até agora é unânime: perderam os espanhóis e perderam os catalães.

Publicado em VEJA de 11 de outubro de 2017, edição nº 2551

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.