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Os súditos fiéis

Agora, o futuro de Temer — e do país — está nas mãos dos 513 deputados, parte dos quais batalha para livrar-se da polícia e da Justiça

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jul 2017, 19h22 - Publicado em 6 jul 2017, 13h45

1 – Deputado Baleia Rossi (PMDB-SP) – Citado na Operação Alba Branca por receber dinheiro da “máfia da merenda” em SP

2 – Deputado Carlos Marun (PMDB-MS) – Usou dinheiro público para visitar Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na cadeia

3 – Deputado Toninho Pinheiro (PP-MG) – Investigado por peculato e crime de fraude em licitação

4 – Deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) – Investigado na Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

5 – Deputado André Moura (PSC-SE) – Investigado na Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa; e, em outro inquérito, por tentativa de homicídio

6 – Presidente da República, Michel Temer – Denunciado na Lava-Jato por corrupção passiva

7 – Deputada Raquel Muniz (PSD-MG) – Foi investigada junto com o marido por falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O inquérito foi arquivado

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8 – Deputado Marcelo Squassoni (PRB-SP) – Foi investigado por peculato e corrupção. Os crimes prescreveram e o inquérito foi arquivado

9 – Deputado Julio Lopes (PP-RJ) – Investigado com base na delação da Odebrecht por corrupção e lavagem de dinheiro

10 – Ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha – Alvo de dois inquéritos na Lava-Jato, por corrupção e lavagem de dinheiro, com base na delação da Odebrecht. E de outros dois por crime ambiental e grilagem

11 – Deputado Simão Sessim (PP-RJ) – Investigado na Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa

12 – Deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) – Investigado na Lava-Jato por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu ao presidente Michel Temer que, num “gesto de grandeza”, encurte o próprio mandato e antecipe as eleições. Na pesquisa mais recente do instituto Datafolha, 76% dos brasileiros querem a renúncia de Temer. Mas o futuro do governo — e do país — não está nos gestos nobres, nem na opinião dos eleitores: está nas mãos dos 513 deputados federais, que votarão se aceitam a denúncia apresentada pelo procurador-geral Rodrigo Janot.

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É por isso que, ao assumir o púlpito do Palácio do Planalto na terça-­feira 27 para responder à denúncia, Temer cercou-se de deputados e a eles endereçou seu discurso. Havia ali dois senadores e 78 deputados, quase todos do baixo clero, como é chamado o estamento cuja relevância se resume à quantidade. Ao lado de Temer, onze são investigados na Lava-Jato e em outras operações (confira na foto acima). Por razões óbvias, trata-se de uma turma especialmente sensível ao ímpeto investigativo dos procuradores.

É também por isso que Temer concentrou sua fala em ataques duros contra Janot, chegando a insinuar que o procurador recebeu dinheiro para aceitar a delação de Joesley Batista, o criminoso “confesso” — que, aliás, 81% dos brasileiros querem ver na cadeia. Para os deputados com polícia e Justiça nos calcanhares, não há hoje figura pública mais perversa que o procurador Janot.

Quando chegar ao plenário da Câmara, a denúncia contra Temer só será aprovada se contar com o aval de 342 deputados, no mínimo. Se o presidente tiver o voto de 172, estará salvo. Neste momento, conta com número muito superior ao necessário. Pelos cálculos do governo, metade da Câmara continua fiel a ele. E o presidente fará todo o possível para manter esse apoio.

Experiente, Temer sabe lidar com os deputados. Liga diretamente para eles, responde a mensagens pelo WhatsApp. Mauro Pereira, do PMDB gaúcho, derrete-se com esses agrados. Há pouco, levou um grupo de funcionários públicos de Caxias do Sul para visitar Temer no gabinete. “Tiramos até foto”, diz ele, garantindo que a atenção presidencial capturou seu voto. Além disso, há gentilezas sonantes, que fazem muito sucesso, e a confluência de interesses. Diz o professor Carlos Melo, do Insper: “Os deputados pensam assim: ‘Se pegarem o presidente, qualquer um poderá ser pego’. É um sistema de interesse e de proteção mútua. Percebe-se que os três grandes partidos, PSDB, PT e PMDB, estão de alguma forma se protegendo mutuamente. Se cai Temer, pode vir prisão para Aécio e, naturalmente, para Lula”. Ah, sim: não se pode esquecer o fisiologismo desbragado. Já se oferece a presidência de Furnas ao deputado Rodrigo Pacheco, do PMDB mineiro, que escolherá o relator da denúncia contra Temer. 

Publicado em VEJA de 5 de julho de 2017, edição nº 2537

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