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O foco é outro

Ministro Henrique Meirelles reafirma que o país quebrará se a reforma da Previdência não for feita. Mas seu partido, o PSD, não parece preocupado com isso 

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 nov 2017, 06h00 - Publicado em 10 nov 2017, 06h00

Em entrevista à edição passada de VEJA, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu pela primeira vez a condição de “presidenciável” em 2018. O maior ativo do ministro para se lançar nessa empreitada, ele mesmo reconhece, é a retomada do crescimento econômico — e a reforma da Previdência é fundamental para que isso se materialize. “A reforma não é uma questão de escolha, ela terá de ser feita em algum momento, é uma questão fiscal, numérica”, disse Meirelles. Em algum momento? Pelas projeções do próprio governo, se as mudanças na Previdência não forem implementadas imediatamente, o sistema entrará em colapso já a partir de 2024. Em outras palavras, não haverá dinheiro para pagar aposentadorias e benefícios como o auxílio-doença ou a licença-maternidade. O momento certo para fazer a reforma, portanto, é agora. O problema é que existe uma eleição no meio do caminho, e, num ambiente parlamentar em que o interesse público é representado por uma minoria quase invisível, os prognósticos são desalentadores.

Tão logo Meirelles defendeu a aprovação da reforma na sua versão “completa” — com todos os dispositivos necessários, mas impopulares aos olhos de muitos parlamentares —, o deputado Marcos Montes, líder do PSD, o partido do ministro, se encarregou de enquadrá-lo. “O discurso do ministro Meirelles é descolado da realidade da Casa. Ele mostra claramente para nós — e nós também concordamos — a importância da reforma. Agora, até transformar isso em voto na Câmara tem uma distância. Todos nós queremos voltar na próxima legislatura. Os parlamentares que já votaram nas medidas impopulares do governo precisam de um tempo para poder prover algumas coisas positivas em suas bases. Só medida impopular, mesmo sendo correta, é complicado”, diz Montes.

Para desgosto de Meirelles, na terça-feira outra voz se levantou para abafar a defesa de sua causa — dessa vez, a do chefe, Michel Temer. Em entrevista ao blog do jornalista Valdo Cruz, o presidente da República chegou perto de jogar a toalha ao abordar a reforma da Previdência. “Vou insistir, vou me empenhar, mas concordo que, sozinho, o governo não tem condições de aprovar”, afirmou.

Para quem pretende disputar uma eleição presidencial, politicamente é um mau começo. As palavras do líder do PSD mostram que o partido não tem compromisso com o seu candidato e muito menos em fazer o que admite ser correto. As de Temer dispensam comentários — a fala do presidente derrubou o Ibovespa, que registrou queda de 2,5%. Ciente das dificuldades, Meirelles entrou pessoalmente nas articulações, disparando ligações para parlamentares na tentativa de “afinar o discurso”. Para mudar as regras previdenciárias, são necessários os votos de 308 dos 513 deputados federais. Não será uma tarefa fácil para um ministro cujos governo e partido sinalizam a intenção de deixar a reforma de lado. Se Henrique Meirelles conseguir inverter essa tendência, ficará demonstrado que ele possui habilidades além das de um economista competente.

Publicado em VEJA de 15 de novembro de 2017, edição nº 2556

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