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O fardo dos Vargas

Assim como seu pai e seu avô, Getúlio Vargas Neto cometeu suicídio. Sofria de depressão e deixou uma carta que familiares ainda não tiveram coragem de ler

Por Pieter Zalis Atualizado em 22 jul 2017, 06h00 - Publicado em 22 jul 2017, 06h00

Primeiro, naquele fatídico agosto de 1954, seu avô Getúlio Vargas meteu um tiro no peito dizendo, em sua célebre carta-testamento, que deixava a vida para entrar na história. Depois, em janeiro de 1997, seu pai, Manuel Antônio Sarmanho Vargas, atirou contra o próprio coração e deixou um bilhete que parecia expurgar o peso da carta-testamento: “Não pretendo entrar na história, mas simplesmente deixar a história passar”. Na segunda-fei­ra, chegou a vez dele. Getúlio Dornelles Vargas Neto, aos 61 anos, disparou um tiro na têmpora esquerda com um revólver calibre 38, pondo fim à própria vida, tal como fizeram seu avô e seu pai. Deixou uma carta de despedida que os parentes, até agora, não tiveram coragem de ler.

Por volta das 9 horas da manhã, a empregada que trabalhava na casa de Getúlio Neto chegou e o encontrou morto, sentado em uma poltrona. Ele morreu em seu apartamento, no bairro de Moinho de Ventos, em Porto Alegre. Dividia o local com uma filha, que se encontrava em viagem aos Estados Unidos, e com a namorada, Denise Carneiro, que também não estava em casa quando seu corpo foi encontrado.

Segundo a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios da capital gaúcha, Getúlio Neto apenas deixou “uma mensagem de amor e carinho aos filhos e à namorada”.  Na carta, que permanece guardada na delegacia, não explicou os motivos da decisão nem fez referência aos suicídios anteriores da família. Os parentes conheciam seu quadro de depressão, mas disseram não imaginar que a doença poderia levá-lo a esse extremo.

O neto de Getúlio Vargas era advogado e foi um dos fundadores do PDT junto com Leonel Brizola, aliado histórico do ex-presidente. Em 1986, foi candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro, mas não conseguiu eleger-se. Em 2011, tentou um movimento político mais audacioso. Queria ser prefeito do Rio, cidade onde nasceu. Não encontrou guarida no PDT e, por isso, fi­liou-se ao PPS. Sua intenção, dizia, era defender o legado político e histórico do avô. A tentativa de viabilizar uma candidatura municipal, contudo, nunca vingou. Ele nem sequer concorreu às eleições para a prefeitura do Rio em 2012. Voltou para Porto Alegre, onde administrou, em seus últimos anos, os negócios da família no ramo da agropecuária. Deixou quatro filhos.

Publicado em VEJA de 26 de julho de 2017, edição nº 2540

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