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Adeus, martelo

Nada de quebrar e refazer tudo às cegas. Uma nova técnica de plástica de nariz permite visão plena do procedimento, mais precisão e menos hematomas

Por Isabela Izidro Atualizado em 29 jul 2017, 06h01 - Publicado em 29 jul 2017, 06h00

O mundo tal qual o conhecemos gira em torno das redes sociais, que, por sua vez, são movidas a selfies. Um efeito colateral dessa desbragada exposição da própria imagem foi o aumento do número de cirurgias plásticas, principalmente faciais — no Brasil, elas cresceram 20% entre 2015 e 2016. No rosto, as campeãs do bisturi são as pálpebras, reformadas em uma intervenção relativamente simples. Em segundo lugar vem o nariz, modificado numa operação bem mais complicada, que, mesmo assim, teve perto de 75 000 adeptos no país no ano passado. “Ao tirar fotografias de si mesma constantemente, a pessoa vê melhor e se incomoda mais com as imperfeições”, diz o cirurgião plástico Volney Pitombo, presidente da regional fluminense da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Para essa turma, Pitombo, ás da rinoplastia que remodelou as atrizes Bruna Marquezine e Tata Werneck, entre outras, promete uma boa notícia no congresso carioca da entidade, que ocorre de 2 a 5 de agosto: a apresentação de uma técnica novíssima que esculpe o nariz sem erros e permite que o paciente operado apareça em público sem assustar as crianças.

(VEJA/VEJA)

O motor da inovação é justamente isto: um motorzinho movido a energia ultrassônica, acoplado a uma ponteira desenhada para esculpir o osso do nariz — osso tão fino que parece “uma casquinha de ovo, muito sensível”, explica o cirurgião. O autor da invenção é o francês Olivier Gerbault, que a batizou de Piezo, em homenagem à piezoeletricidade, um processo que gera sons de alta frequência. Na rinoplastia tradicional, o médico faz uma incisão no interior das narinas, insere o escopro (uma espécie de cinzel de ponta cortante) e, com um martelo (sim, um martelo!), vai desbastando o osso sem ver, baseando-se no tato e no som dos instrumentos. A ponta do nariz, composta de cartilagens, é mais simples: faz-se um corte no espaço entre as narinas, descola-se a pele — o mínimo possível, para não prejudicar a cicatrização — e ajusta-se o formato.

A rinoplastia ultrassônica muda drasticamente o procedimento. Primeiro, a maior parte da pele do nariz é afastada. Com o osso exposto, o cirurgião manuseia o Piezo em micromovimentos rápidos e precisos. “Em vez de quebrarmos ossos às cegas, mantemos o controle visual a cada passo”, destacou Gerbault a VEJA. A baixa frequência permite moldar ossos delicados sem danificar cartilagens, mucosas e vasos sanguíneos próximos — daí a ausência de hematomas evidentes.

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A plástica de nariz é a quarta mais comum no mundo, depois de pálpebras, lipoaspiração e mamas. Não custa barato: no Brasil, o preço médio é de 7 500 reais. A rinoplastia ultrassônica, quando chegar aqui (a Anvisa deve aprovar o novo procedimento até o fim do ano), vai elevar esse patamar. Na Europa, onde é aplicada desde 2013, sai, em média, pelo equivalente a 20 000 reais. Nos Estados Unidos, onde foi liberada pela rigorosa Food and Drug Administration, em maio, é mais cara ainda: uns 30 000 reais em média.

Cirurgiões plásticos experientes alertam contra a adoção imediata e disseminada de uma técnica cheia de novidades, a começar pelo descolamento de pele do nariz muito maior que o usual. “Recomendo não ter pres­sa e observar os resultados”, diz o paulista Aristóteles Bersou, outro papa da rinoplastia. “Quem, como eu, faz a cirurgia há muito tempo conhece cada som, cada sensação. O risco de erro é praticamente nulo.” Deve ser mesmo, mas como resistir ao apelo de uma cirurgia sem marteladas? A gaúcha Marthina Brandt, de 25 anos, miss Brasil 2015, confessa: se o aparelhinho estivesse disponível há dois anos, teria aderido na hora. Insatisfeita com o nariz desde os 16 anos, ela só se rendeu à cirurgia quatro meses antes de pisar na passarela. “Eu achava a plástica agressiva. Essa história de quebrar o osso com um martelo me assustava. Fiz porque a necessidade falou mais alto”, diz Marthina, que hoje trabalha na organização do concurso. A quem falta coragem (e sobra dinheiro) para mudar o nariz, a chegada do Piezo será a chance de novas e melhores selfies. Quer coisa melhor?

Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2017, edição nº 2541

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