Vice de Freixo defendeu integrante da quadrilha do traficante Uê
Luciana Boiteux, professora da UFRJ, diz que isso “não significa aderir aos crimes”
Luciana Boiteux, candidata a vice de Marcelo Freixo à prefeitura do Rio, é advogada criminal com currículo extenso. Dedicada atualmente à vida acadêmica, é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordena um grupo de pesquisa em política de drogas e direitos humanos. Está afastada dos tribunais há sete anos, mas enquanto advogava teve entre seus clientes uma acusada de associação com o tráfico, Rita de Cassia Lima da Silva. A própria Rita era advogada do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, que ficou conhecido no Rio de Janeiro pelo apelido de Uê, e responde a processo junto a ele (já morto) e outros dez réus no caso.
“Como advogada criminal, defendi várias pessoas. Isso faz parte do cotidiano”, justifica-se Luciana. “Defender não significa aderir aos crimes. Já advoguei ate para dirigente da Igreja Universal”, acrescenta, referindo-se ao opositor de Freixo, Marcelo Crivella, do PRB, que é bispo licenciado da Universal. O traficante Uê era um dos chefes do tráfico no complexo do Alemão e chegou a ser considerado o bandido mais perigoso da cidade. Ele acabou morto dentro da prisão de segurança máxima Bangu 1 pelos traficantes Fernandinho Beira-Mar e Marcinho VP.
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Freixo vem enfrentando uma campanha negativa na internet, em que é acusado de defender “bandidos” — a atuação da vice em defesa de Rita seria uma prova disso, dizem os adversários — e “black blocs”. O principal argumento para esta última acusação é uma declaração do candidato em 2013, quando, indagado sobre as depredações durante manifestações, foi vago: “Tem uns métodos que eu acho que são mais eficientes, tem outros métodos que eu acho que são menos. Mas eu não sou juiz pra dizer que movimento é um movimento correto ou não é. Eu acho que qualquer movimento que visa à construção de uma sociedade mais justa é válido, e os métodos são… representam outro debate”.
Nesta quinta-feira, Freixo lançou um site cujo objetivo é reagir a esta campanha. “Não compactuamos com nenhuma forma de violência, seja do estado ou da sociedade. As manifestações nas ruas são legítimas e um direito da democracia, mas não apoiamos nenhum ato violento ou que arrisque a integridade de qualquer pessoa”, escreveu.