Temer, refém da própria vitória
Presidente conseguiu trancar, em votação na Câmara, o andamento do processo de corrupção contra ele, mas abriu o balcão de negócios para cabalar votos
A noite de quarta-feira, 2 de agosto, foi o exemplo mais contundente da força política que o presidente Michel Temer, mesmo desprezado pela imensa maioria dos brasileiros, tem no Congresso Nacional. Foram 263 votos para enterrar ali mesmo o andamento da denúncia contra o peemedebista, acusado de corrupção passiva pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot. Os oposicionistas conseguiram apenas 227 votos, 115 a menos do que o necessário. A vitória de Temer, incontestável do ponto de vista político, representou, porém, a consagração do fisiologismo, do balcão de negócios e do “toma lá dá cá” como instrumento para garantir a chamada “governabilidade”. Trancar o processo contra o presidente custou pelo menos 15 bilhões de reais – apenas em junho e julho, o governo assumiu o compromisso de pagar 4 bilhões em emendas parlamentares. Durante a votação da denúncia contra Temer, o ministro da Articulação Política, Antonio Imbassahy, perambulava pelo plenário da Câmara dos Deputados com a lista das emendas empenhadas. Mercadejando cargos e promessas de dinheiro, o governo conseguiu enterrar o andamento do processo de corrupção contra Temer, mas abriu a porteira para se tornar refém da banda podre do Congresso.
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