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Tema da agressão à mulher marca penúltimo debate antes da eleição

No embate transmitido pela TV Record, Pedro Paulo foi questionado sobre episódios de violência à ex. Ele se defendeu dizendo que o caso foi arquivado

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Leslie Leitão, Thiago Prado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 set 2016, 02h18 - Publicado em 26 set 2016, 02h06

A uma semana da eleição e com um segundo turno ainda indefinido, os candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro lançaram suas artilharias no penúltimo debate, transmitido na noite de domingo pela TV Record. Foi um festival de insultos e acusações nos quatro blocos. É um reflexo das pesquisas eleitorais, que mostram Marcelo Crivella, do PRB, isolado na dianteira, e a segunda colocação dividida entre cinco concorrentes que se engalfinham para garantir a outra vaga nas urnas. Um dos temas mais recorrentes foi a violência doméstica, que afeta diretamente Pedro Paulo, candidato do PMDB, acusado pela ex-mulher de agredi-la. O caso acabou arquivado depois que Alexandra Marcondes, a babá de sua filha (a única testemunha) e o perito do Instituto Médico Legal, que atestou várias lesões em 2010, voltaram atrás em suas versões.

Já no primeiro bloco, Indio da Costa, do PSD, levantou o assunto ao escolher Jandira Feghali, do PC do B, para o duelo. “Você, que foi relatora da lei Maria da Penha, o que acha de quem bate em mulher?”, perguntou Indio. “Em uma cidade de maioria de mulheres, não cabe um administrador que tem denuncia de agressão contra uma delas. A lei Maria da Penha não é cumprida em muitos lugares, como no Rio, onde até o prefeito trata mulher negra como se estivesse na senzala”, respondeu Jandira, se referindo a um vídeo em que Eduardo Paes, principal cabo eleitoral de Pedro Paulo, entrega uma casa popular a uma carioca e sugere que ela “trepe muito” no local.

O tema permeou os outros blocos debate. Quando foi dada a oportunidade de fala a Pedro Paulo, ele, normalmente na defensiva, partiu para o ataque. Patinando em 9% das intenções de voto, segundo o Datafolha, e precisando se recuperar para chegar ao segundo round eleitoral com Crivella, disse: “De um lado, há a candidatura do bispo Crivella que quer trazer a família Garotinho para governar. De outro, candidatos que representam a anarquia (em referência a Marcelo Freixo, do Psol, e Jandira, ambos da esquerda). Meu processo foi investigado e concluíram que sou inocente”. Alessandro Molon, da Rede, com quem discutia sobre violência contra a mulher, rebateu. “O risco não é só prefeito ligado à igreja ou prefeito com posições radicais. O problema é ter prefeito ligado a um episódio grave de violência doméstica”.

No segundo bloco, o peemedebista pediu para “parar com esse ódio”. Mas no terceiro, Indio voltou ao assunto e, tanto ele quanto Pedro Paulo, enfrentaram uma saia justa. “Para mim, quem bate em mulher é covarde. E para você, Pedro Paulo?”, pergunto Indio. O peemedebista, então, citou que o seu opositor desmatou uma área de 1800 metros quadrados para construir uma casa, como revelou VEJA. “Você fez não uma oca, mas uma mansão, desmatando a mata atlântica e será investigado pelo Ministério Público”, disse o peemedebista, atribuindo a pergunta de seu opositor ao “desespero”. Com a palavra de volta, Indio aumentou o tom. “Além de covarde e cínico é também mentiroso”, disse.

Crivella, sempre sem alterar a voz, também não poupou seus oponentes, que insistiram em o chamar de bispo. Ele é sobrinho de Edir Macedo e bispo licenciado da igreja Universal, fato responsável por seus 21% de rejeição. “O Pezão também me chamava de bispo no debate de 2014 e dizia que o governo ia muito bem. Hoje, os servidores públicos olham com pesar a saúde financeira do estado”, disse, acrescentando: “Cabral tinha o Pezão. Agora, Paes tem o Pezinho, mas é tudo a mesma coisa”. O ex-peemedebista convertido ao ninho tucano nesta eleição, Carlos Roberto Osório, fez coro e disse que, se Pedro Paulo ganhar, será um “estelionato eleitoral, como fez o PT”.

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O debate ganhou contornos nacionais e opôs os candidatos que apoiam e os que criticam a gestão do governo petista. “O governo golpista de Michel Temer fez reforma na educação dizendo não ser obrigatória filosofia, sociologia, educação física e artes”, disse Freixo. “O PT quebrou o nosso país com tanta corrupção e incompetência”, afirmou Flávio Bolsonaro, do PSC. “Você colocou Aécio Neves citado em delações em seu programa político. O governo de Fernando Henrique aumentou a taxa de desemprego. Vocês não têm moral”, disse Jandira a Osório.

A temperatura aumentou quando Bolsonaro e Freixo se enfrentaram. Filho do polemico Jair, deputado federal, Flávio perguntou ao socialista se ele pretendia trazer as “pessoas que afundaram o país para dentro do município”. Freixo reagiu: “Sua família que apoia golpes. Eu vi vocês andando com a blusa do presidente militar Emílio Garrastazu Médici com os dizeres que eram felizes e sabiam. Você e seu papai foram do partido do Maluf”. “O Psol nasceu da costela do PT”, respondeu Bolsonaro. Em outra rodada de perguntas, os dois voltaram a se enfrentar. “Vocês dizem que respeitam a diferença, mas cospem na cara dos que não concordam com o que dizem. Não adianta por rotulo de corrupção nos Bolsonaro. Se você quer ordem, não vote em Freixo, que financiava advogado para tirar black bloc da cadeia”, disse. Freixo pediu direito de resposta e disse que “quem defende a violência é quem defende a tortura e ditadura”.

Fora as brigas, sobrou pouco espaço para as propostas, muitas vezes vagas e ditas com frases de efeito. “Manteremos o sistema em equilíbrio”, afirmou Pedro Paulo. “Vou priorizar os cidadãos. O morador do vai ter aplicativo para melhorar os serviços de péssima qualidade”, disse Indio. “Pedro Paulo diz que vai fazer 300 escolas. Seria construir uma a cada quatro dias. Vamos falar sério”, criticou Osório. Na batalha de todos contra todos, o eleitor passou distante das prioridades dos candidatos.

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