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PP: o partido que virou para-raios de escândalos

Criado para se alinhar à direita, Partido Progressista tem histórico recente como satélite do PT e coleciona escândalos que vão do mensalão à Lava-Jato

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jun 2014, 08h30

Na noite da última segunda-feira, uma cena mais uma vez arrastou um personagem do universo político para o noticiário policial: Paulo Octávio, ex-vice-governador do Distrito Federal e um dos mais notórios empresários do ramo imobiliário de Brasília, foi preso. Paulo Octávio, ou PO, como é conhecido, é investigado por integrar uma organização criminosa que corrompia servidores públicos em troca da liberação de alvarás de construções em áreas irregulares. Réu no chamado mensalão do DEM, ele filiou-se recentemente ao Partido Progressista, o PP, legenda que tem sido presença contínua no histórico de escândalos de corrupção no Brasil.

Nos últimos anos, dezenas de políticos e apadrinhados do PP foram flagrados envolvidos em encrencas – a maioria delas, grave. A mais recente resultou na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que apura um megaesquema de lavagem de 10 bilhões de reais. Um dos personagens centrais do caso é o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, executivo que chegou à diretoria da maior estatal brasileira por indicação do partido. E a ligação da sigla com o escândalo não para aí. As investigações da Polícia Federal revelaram que Costa e o doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema, mantinham uma estreita relação com diversos políticos e partidos. A lista: os deputados federais Nelson Meurer (PR), João Pizzolatti (SC), Aline Corrêa (SP) – filha do ex-presidente da legenda Pedro Corrêa, preso no mensalão -, além de Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades. O deputado Luiz Argôlo (BA), também investigado na operação, trocou recentemente o PP pelo Solidariedade.

Partido Progressista

FUNDAÇÃO: 4 de abril de 2003

– 1,4 milhão de filiados

– 466 prefeitos

– 4.927 vereadores

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– 40 deputados federais

– 5 senadores

ORIGEM

Reformulado em 2003, o Partido Progressista tem raízes na Arena, agremiação que deu sustentação à ditadura militar no Brasil. Na década de 1990, após a fusão do PDS com o Partido Democrata Cristão, nasceu o Partido Progressista Reformador (PPR), que mais tarde seria transformado em Partido Progressista Brasileiro (PPB), até virar o PP.

Em São Paulo, um dos expoentes do partido é o ex-prefeito Paulo Maluf, um dos brasileiros que integra a lista de homens procurados pela Interpol. Maluf é investigado por desvio de recursos na construção de obras públicas e envio de remessas para contas bancárias no exterior. O ex-prefeito foi condenado pela Justiça no ano passado e perdeu seus direitos políticos por cinco anos. Após a decisão, Maluf licenciou-se do diretório paulista do PP, mas voltou ao comando da legenda com a missão repetir o abraço do partido com o PT. Seu partido oficializou apoio à campanha do ex-ministro Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo, repetindo a fórmula usada na eleição do prefeito Fernando Haddad (PT).

Com 40 deputados na Câmara, o PP é tratado como prioridade no projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff. A agremiação possui o quinto maior tempo na propaganda eleitoral de rádio e televisão – estima-se que tenha direito a um minuto e vinte segundos no pleito deste ano.

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Para assegurar o apoio do PP, o governo federal firmou o compromisso de manter o Ministério das Cidades, um dos maiores orçamentos da Esplanada, sob o comando da sigla. Essa opção, entretanto, já custou caro ao Palácio do Planalto: em 2012, o então ministro e hoje conselheiro do Tribunal de Contas nos Municípios da Bahia Mário Negromonte foi demitido após ser acusado de pagar mesada de 30.000 reais a deputados do PP. Seus auxiliares também deixaram a pasta pela porta dos fundos.

“Não vou falar que é uma coisa agradável. Lógico que é desconfortável fazer parte de um partido envolvido em escândalos, mas isso existe em todos os partidos”, ponderou o deputado Guilherme Mussi (SP), que migrou para o PP no ano passado.

Apesar do histórico recente como partido satélite do PT, a sigla tem raízes na direita desde o nascimento como Arena, agremiação que deu sustentação à ditadura. Após a redemocratização do país, também já foi chamado de Partido Progressista Reformador (PPR) e Partido Progressista Brasileiro (PPB). Na Câmara, ainda restam deputados que causam dor de cabeça ao governo, como o gaúcho Luiz Carlos Heinze, da bancada ruralista, e Jair Bolsonaro (RJ), crítico mordaz da esquerda.

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“Fisiologismo é o nome do jogo. Vemos hoje a transformação de um partido que apoiou o governo militar para um partido político normal, atrás de verbas e de cargos no governo. A ideologia foi parar na gaveta, e acabou sendo substituída pelo imediatismo e pelo projeto de reeleição. O PP está em uma luta de sobrevivência para não virar nanico e, assim, fica nas mãos do governo. Sem o governo não há salvação”, afirma David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), uma das lideranças na Câmara, rebate: “O partido tem doutrina e é partido antigo. O problema é que os métodos mudaram. E esses métodos aparecem do governo Lula para frente, com troca de favores em prol de cargos no governo. Esse método contaminou todos os partidos e só vai mudar depois que houver uma reforma política”.

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