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População brasileira deve encolher a partir de 2030

Segundo o IPEA, nas próximas duas décadas os únicos grupos populacionais que deverão crescer serão os com idades acima dos 45 anos

Por Rafael Lemos, do Rio de Janeiro
13 out 2010, 16h32

“Para o futuro, podemos pensar numa redução da força de trabalho e também numa força de trabalho mais envelhecida”

As sucessivas quedas na taxa de fecundidade apontam para uma redução da população brasileira a partir de 2030. A constatação dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) de 2009, é de que a taxa de crescimento se aproxime de zero nos próximos 20 anos até tornar-se negativa. A partir de 2030, os únicos grupos populacionais que deverão crescer serão os com idade acima de 45 anos.

Os dados são, para os gestores públicos, um sinal de alerta para a necessidade de se repensar políticas educacionais, previdenciárias e de trabalho. Os idosos de hoje – ou seja, a geração que está entrando na faixa dos 60 anos – são os baby boomers do período pós-Segunda Guerra Mundial. “É uma geração que nasceu muito e sobreviveu muito. Eles se beneficiaram da redução da mortalidade infantil e da mortalidade adulta, e agora são os grandes beneficiados dos avanços médicos e da maior cobertura do serviço de saúde”, afirma Ana Amélia Camarano, coordenadora de População e Cidadania do IPEA.

A queda da fecundidade, aliada a uma maior expectativa de vida, levará nas próximas décadas a uma mudança do perfil do trabalhador brasileiro, que tende a ser cada vez mais velho. “O Censo 2010, com certeza, vai mostrar uma diminuição em termos absolutos da população menor de 20 anos. Para o futuro, podemos pensar numa redução da força de trabalho e também numa população economicamente ativa mais envelhecida”, atesta a pesquisadora do IPEA. “A taxa de crescimento da população, que era de cerca de 3% ao ano nas décadas de 1950 e 1960, não deve passar de 1% no Censo 2010”, acrescenta.

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Trata-se de um fenômeno generalizado no país, atingindo todos os estados e praticamente todas as camadas sociais. Entre 1992 e 2009, o Nordeste foi a região que teve a maior queda no número médio de filhos por mulher (de 3,6 para 2,0), perdendo o primeiro lugar no ranking de fecundidade para o Norte. Já nas regiões Sul e Sudeste, em 2009, esse número era de 1,7, um patamar considerado extremamente baixo, comparável ao de países como Itália, Espanha e Japão.

Uma das principais preocupações, quando se fala em envelhecimento da população, é o déficit da Previdência Social. Para a pesquisadora Ana Amélia Camarano, a solução passa pela revisão da idade mínima para a aposentadoria. Segundo ela, a permanência do idoso no mercado de trabalho deve ser encarada como um fator positivo.

“Principalmente para o homem, a saída do mercado de trabalho significa uma importante desintegração social. Com isso, aumentam os índices de alcoolismo, de depressão e até de suicídios”, argumenta a pesquisadora, que defende ainda o fim da aposentadoria compulsória: “Isso é fruto de preconceito”.

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As projeções indicam que a população não atinjirá patamares muito superiores aos atuais e, dentro de 20 anos, comecerá a diminuir. “A nossa projeção mostra que, entre 2030 e 2035, passaremos a ter uma redução de crescimento populacional. O primeiro efeito é na oferta da força de trabalho, porque a população em idade ativa também começa a diminuir”, explica. “Quando fazíamos projeções com base nos dados de 1970, estimávamos que a população brasileira ultrapassaria a marca de 200 milhões de habitantes no ano 2000. Hoje, as nossas projeções são de que isso aconteça em 2020. Para 2010, estamos apostando em 190 milhões”, compara Ana Amélia.

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