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Petrolão: clube do bilhão tinha divisão proporcional de contratos, diz delator

Augusto Ribeiro de Mendonça Neto reitera que o chefe do cartel de empreiteiras que atuava na Petrobras, Ricardo Pessoa, supervisionava loteamento das obras

Por Felipe Frazão e Daniel Haidar
4 fev 2015, 23h45

Um dos delatores do petrolão, o empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, disse nesta quarta-feira que o cartel de empreiteiras que fraudava licitações da Petrobras trabalhava com uma divisão proporcional dos contratos que cada uma das dezesseis empresas do chamado clube do bilhão fecharia com a estatal. Ele aprofundou o funcionamento do cartel no terceiro depoimento que prestou, nesta quarta-feira, nas ações penais contra empreiteiras na 13ª Vara Federal do Paraná, onde correm as ações penais da Operação Lava Jato.

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Durante o interrogatório, ele declarou que o controle da proporcionalidade cabia ao empreiteiro Ricardo Pessoa, presidente da UTC Engenharia. Pessoa é apontado como coordenador e representante dos interesses do clube do bilhão junto à Petrobras. Ele também atuava como supervisor do loteamento dos contratos por igual, conforme o delator esmiuçou no novo depoimento.

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“Fazia-se um acompanhamento do volume de contratos que cada uma tinha. Quem fazia isso era o Ricardo Pessoa, que era o coordenador”, afirmou Mendonça Neto. “Ele é quem fazia os contatos com os diretores [da Petrobras] em nome do grupo e levava uma lista anotada ou verbal [com as empresas]”, acrescentou.

Mendonça Neto reiterou que as empreiteiras, embora disputassem o mesmo mercado no país, respeitavam as combinações internas do clube do bilhão – mas somente os acertos entre os integrantes do cartel. “Essas empresas discutiam dentro da sala, o que fariam e como dividiriam [os contratos], tudo isso. Porém, eram concorrentes entre si. Da porta para fora um queria matar o outro. Fora da reunião eram grandes inimigos. Qualquer um que desse alguma oportunidade para perder uma licitação, os outros não iam ficar com pena nem deixar de ganhar. Porém, respeitavam o que tinha sido combinado dentro do grupo”, relatou o delator.

As combinações eram definidas em reuniões mensais. Mendonça Neto disse que cada empresa deveria anotar as obras com que fora contemplada. Ele também informou que a propina paga aos diretores da Petrobras Renato Duque (Serviços) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento) variava de 1% a 2% do valor global dos contratos que seriam assinados com a Petrobras.

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No interrogatório desta quarta-feira, foram ouvidas outras quatro testemunhas na ação contra executivos da OAS, acusados de corromper o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Além dos delatores Mendonça Neto e Júlio Camargo, também foram interrogados o delegado Márcio Anselmo e ex-colaboradores do doleiro Youssef: a contadora Meire Poza e o doleiro Leonardo Meirelles. Meire e Meirelles confirmaram que presenciaram encontros do doleiro com executivos da OAS. Além dessas provas testemunhais de que Youssef intermediava pagamentos de propina para a construtora, a ação penal foi baseada em denúncia elaborada pelo Ministério Público Federal com comprovantes bancários de transferências da OAS para o doleiro.

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Meirelles disse em depoimento que viu o vice-presidente financeiro da OAS, Mateus Coutinho, preso e um dos réus, no escritório do doleiro. A contadora disse ainda que chegou a acompanhar o doleiro em uma entrega de dinheiro em espécie na sede da OAS em São Paulo. “Ele falou que estava indo levar uma mala na OAS. Aí pedi para me deixar antes e me pegou em outra rua na volta. Deve ter sido no dia 16 de janeiro de 2014”, afirmou Meire.

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