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Perillo nega amizade com Cachoeira e se defende de acusações sobre venda de casa

Assim como os advogados de Cachoeira e Demóstenes Torres, o governador afirmou que “informações descabidas” o colocaram no meio das denúncias

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
12 jun 2012, 11h06

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apresentou documentos à CPI do Cachoeira (acompanhe o depoimento ao vivo) em uma tentativa de comprovar que a venda da sua casa no Condomínio Alphaville, em Goiânia, foi regular e não envolveu a participação do contraventor Carlinhos Cachoeira. O tucano, que fala à Comissão Parlamentar de Inquérito desde as 10h30 desta terça, encaminhou ao colegiado anúncios de oferta da casa publicados em classificados de um jornal de Goiânia, a escritura do imóvel, cópia dos cheques que pagaram a transação e extratos bancários com a comprovação dos depósitos na conta do político goiano.

Os esclarecimentos sobre o imóvel podem revelar o grau de proximidade entre o governador e Cachoeira. Foi nessa casa que o contraventor foi preso pela Polícia Federal em 29 de fevereiro. “Tive uma atitude mais que legítima de um cidadão comum quando resolvi vender minha casa”, disse o governador. “Se soubesse que a venda dessa casa geraria tanta confusão e desconforto, continuaria a morar nela”.

A versão mais repetida por Marconi Perillo é a de que a casa foi vendida para o empresário Walter Paulo. A transação teria sido intermediada pelo ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), que repassou três cheques ao político recolhidos do ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Perillo insiste na tese de que não atentou para o titular dos cheques – dois no valor de 500 000 reais e um de 400 000 reais. Em outra versão, no entanto, o governador afirmou que negociava com Garcez e soube que o ex-vereador não seria mais o comprador do imóvel apenas no momento da escrituração e registro da casa.

Marconi Perillo disse “lamentar” não ter prestado atenção ao emitente do cheque – a empresa Excitant Confecções, da cunhada do contraventor. “Não me preocupei em saber quem era o emitente dos cheques e lamento isso”, afirmou. “A escritura só seria lavrada depois da compensação dos cheques. Essa era minha segurança no negócio”. A Polícia Federal afirma que os cheques foram assinados por um sobrinho de Cachoeira. Perillo disse que não é “usual” questionar a origem do dinheiro que ele receberia pela compra imobiliária. “Recebi os pagamentos e só agora soube que ele havia usado empréstimos de terceiros. Eu não sabia e não era obrigado a saber”, declarou.

O tucano se eximiu de qualquer responsabilidade caso tenha havido irregularidades na transação: “Se algum dos citados nas escutas tirou vantagem ou ganhou dinheiro com o negócio foi sem meu conhecimento”. Perillo tentou demonstrar indignação sobre os questionamentos acerca da casa. “É incrível que eu seja exposto por ter vendido um bem pessoal, meu, absolutamente e rigorosamente dentro da lei”, disse.

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Em sua exposição inicial, Perillo falou por pouco mais de uma hora. Depois disso, ele respondeu a perguntas do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Só às 13h30 é que os outros parlamentares da comissão puderam usar a palavra.

Proximidade – O governador negou ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira, disse que seu governo não atendeu os interesses da quadrilha e afirmou que não pode responder pelas declarações de terceiros que citaram seu nome. “Nunca mantive qualquer relação de proximidade com o senhor Carlos Augusto Almeida Ramos”, disse. O governador destacou o fato de que, em 30.000 horas de gravações, foi detectada apenas uma conversa telefônica entre ele e o contraventor. Foi em 3 de maio do ano passado, quando Perillo desejou feliz aniversário a Cachoeira. “Eu não estava ligando para o contraventor, mas para um empresário do ramo de medicamentos”, disse o tucano à CPI.

Perillo reconheceu que em seu atual governo recebeu o contraventor no Palácio das Esmeraldas uma vez e o encontrou em dois jantares. Ele também tentou usar a seu favor o fato de que a quadrilha de Cachoeira cooptou 34 policiais civis e militares: “Isso evidencia que o estado não tolerava práticas ilícitas. Caso contrário, não seria preciso infiltração no aparelho policial”, afirmou.

Sobre as conversas da quadrilha em que seu nome é mencionado, o tucano disse que não pode ser responsabilizado por diálogos de terceiros.”Não há nenhum ato do meu governo em benefício a Cachoeira ou na direção do que suscitam os diálogos mencionados pela imprensa sobre a Operação Monte Carlo. Falaram muito sobre seus planos mas nada se concretizou”.

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Caixa 2 – O tucano disse ainda que não recebeu caixa 2 de campanha e desmentiu o jornalista Luiz Carlos Bordoni, que diz ter sido pago pelo grupo de Cachoeira depois de prestar serviços à campanha de Perillo em 2010. “Nunca foi feito qualquer pagamento ao jornalista luis Carlos Bordoni no período eleitoral”, disse.

Início – O governador iniciou seu depoimento à CPI por volta de 10h30 desta terça-feira e usou os primeiros minutos de sua defesa para se dizer vítima de “fatos distorcidos”. Assim como os advogados do contraventor Carlinhos Cachoeira e do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), que alegam que as interceptações telefônicas captadas na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, foram divulgadas de forma distorcida e editada, o governador goiano afirmou que “informações descabidas” o colocaram no meio das denúncias.

Vítima – Perillo iniciou seu depoimento tentando demonstrar segurança:”Venho a esta CPI com a cabeça erguida e firme no propósito de apresentar a verdade dos fatos”, disse o governador, relembrando que ele próprio pediu para ser ouvido na comissão e que se colocou à disposição da procuradoria-geral da República (PGR) para ser investigado. “Venho para restabelecer a verdade dos fatos. Não conheço algo parecido no país desde que reconquistamos a democracia. Não consigo acreditar em tamanha crueldade, informações distorcidas, ilações, suposições e todo tipo de leviandades”.

Antes do aguardado depoimento que presta ao colegiado nesta quinta-feira, manifestantes pró e anti-Perillo se digladiaram e gritaram palavras de apoio e repulsa ao político. O depoimento de Perillo à CPI é acompanhado pelo vice-governador de Goiás, José Eliton Figuerêdo Junior, pelo secretário da Casa Civil, Vilmar Rocha, pelo presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, Jardel Sebba, pelo secretário de Educação, Thiago Peixoto, além de deputados estaduais, prefeitos e vereadores.

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Acompanhe ao vivo o depoimento de Marconi Perillo à CPI do Cachoeira:

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