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ONG responsável por propina a homem forte de Paes cumpriu só metade dos serviços

Tesloo foi contratada para atualizar cadastro de 408.207 famílias, mas só recadastrou 221.039 famílias. Prefeitura diz que buscou devolução, mas descartou irregularidade de Bethlem

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
28 jul 2014, 19h33

Não faltaram sinais de que a ONG Tesloo tinha potencial de lesar os cofres públicos. A entidade é suspeita de pagar “mesada” para o deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB) em um esquema de corrupção na prefeitura do Rio de Janeiro, revelado pelo site de VEJA. Em 2012, a Tesloo deixou de cumprir serviços para os quais foi contratada. Mesmo assim, voltou a ser contratada pelo município e Bethlem, gestor do contrato, acabou promovido na burocracia interna municipal, de secretário de Assistência Social para secretário de Governo. Gravações mostraram na sexta-feira que Bethlem disse para sua ex-mulher, Vanessa Felippe, que retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês em propina paga pela Tesloo.

Nesta segunda-feira, a prefeitura do Rio deu início a uma auditoria especial para investigar irregularidades em todas as contratações firmadas por Bethlem nas secretarias que comandou no município, de 2009 a 2014: Ordem Pública, Assistência Social e Governo.

Sem apresentar documentos, a administração municipal também informou que uma auditoria de rotina da Controladoria Geral do Município constatou, em setembro de 2012, que a Tesloo cumpriu somente 54,22% das metas estabelecidas em um contrato com a Secretaria Municipal de Assistência Social. Apesar disso, a ONG foi contratada para novos serviços depois dessa descoberta e Bethlem jamais foi considerado suspeito de irregularidade. “Não houve qualquer sinal de que havia naquele momento qualquer tipo de beneficio pessoal para o deputado Rodrigo Bethlem”, afirmou o prefeito Eduardo Paes (PMDB), no último sábado.

No convênio nº 151, iniciado em setembro de 2011, a ONG Tesloo foi contratada pelo município para “promover a revisão cadastral, recuperação, atualização e inserção de novas famílias no Cadastro Único de Programas Sociais- CADÚnico”. Mas só 221.039 famílias foram cadastradas até setembro de 2012, contra uma previsão de 408.207 famílias. O contrato autorizava um pagamento de 9.687.841,10 reais para a ONG pelo serviço. Até setembro, já tinham sido desembolsados 6.110.517,11 reais (63,07% do total). Por isso, com a constatação de que o serviço ficou incompleto, a Controladoria recomendou que a Secretaria de Assistência Social solicitasse a devolução do valor excedente (858.142,64 reais).

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A prefeitura diz ainda que, a partir de setembro de 2012, nenhum outro pagamento foi feito para a Tesloo pelo serviço de atualização do CADÚnico. Naquele ano, o Tribunal de Contas do Município (TCM) do Rio de Janeiro tinha solicitado que a prefeitura não renovasse convênios com a ONG, por indícios de fraudes.

No sábado, o prefeito Eduardo Paes tinha informado que o valor excedente recebido pela Tesloo, no contrato de atualização do CADÚnico, foi devolvido. Mas ele não soube explicar quando nem quanto. Nesta segunda-feira, a administração municipal diz que a “verificação completa da prestação de contas ainda está em curso” e que, só depois disso, vai poder informar quanto foi devolvido.

De acordo com o comunicado da prefeitura, não existe mais nenhum contrato em vigor com a ONG Casa Espírita Tesloo ou a Obra Social João Batista (nova denominação da entidade).

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