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OAS pagou R$ 600 mil a ex-presidente da Previ

Polícia Federal investiga se empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato contratavam serviços de consultoria para disfarçar o pagamento de propina

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
9 dez 2014, 19h21

Investigada pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, a construtora OAS contratou serviços de consultoria do ex-presidente da Previ Sérgio Rosa, filiado ao PT, por 720.000 reais. De dezembro de 2012 a junho de 2014, Rosa recebeu 600.000 reais – 563.100 reais líquidos -, divididos em dez parcelas, de acordo com um documento interno da empreiteira apreendido pela Polícia Federal. Segundo os documentos, duas parcelas finais, que somavam 120.000 reais, ainda eram previstas, mas não é possível saber se foram pagas.

Policiais encontraram notas fiscais da consultoria de Rosa, a R. S. Consultoria e Planejamento, na sede da OAS em São Paulo, no dia 14 de novembro, quando foi deflagrada a sétima fase da operação. Outros contratos de consultoria também foram apreendidos no local, porque a polícia investiga se empreiteiras envolvidas em esquema de corrupção da Petrobras fizeram contratos fictícios com consultorias para disfarçar o pagamento de propina em troca de facilidades em estatais e concessões de serviços públicos. A investigação obteve 20 mandados de prisão contra executivos de oito empreiteiras, suspeitos de fraudar licitações da Petrobras e pagar propina a funcionários públicos e políticos. Cinco representantes da OAS foram presos e indiciados, incluindo o presidente da construtora, Aldemário Pinheiro, conhecido como “Leo Pinheiro”.

Reprodução

Controle de pagamentos a terceiros OAS
Controle de pagamentos a terceiros OAS (VEJA)

Os investigadores vão analisar se o mesmo esquema desenvolvido na petrolífera foi utilizado em outras estatais e em concessões públicas de serviços de infraestrutura, como alegaram em depoimentos o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Desde março, foram apreendidos documentos no escritório de Youssef que tratam de empreendimentos de infraestrutura, incluindo uma planilha de receitas da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.

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Procurado pelo site de VEJA, Rosa negou vínculo entre sua atuação no fundo de pensão e a remuneração pela construtora. Ele disse não se lembrar do valor total desembolsado pela OAS. “Se alguém quiser quebrar meu sigilo, faça e pronto, resolva tudo isso. Recebi pagamentos por trabalhos realizados. Não houve nada relacionado à Previ ou a concessões públicas”, afirmou o ex-presidente do maior fundo de pensão do país. Ele não é formalmente investigado na Operação Lava Jato.

Entre os serviços contratados estavam “comentários e opiniões” sobre “projetos estratégicos” da OAS. Nenhum deles saiu do papel, diz o ex-presidente da Previ. “Na maioria dos projetos, eram apresentações sobre ideias dos projetos em análise. Que eu saiba, nenhum projeto foi viabilizado, portanto não se tornaram públicos”, afirmou.

O ex-presidente da Previ afirmou que só recebeu pagamentos nos meses em que houve prestação de serviços. Um e-mail enviado pelo funcionário Marcos Paulo Ramalho em 8 de maio deste ano ao presidente da OAS, Leo Pinheiro, mencionava os pagamentos e dizia que “conforme as palavras de Dr. Sérgio Rosa, ele só emite as notas conforme a demanda de trabalho realizado no projeto”.

Rosa deixou o comando da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, em junho de 2010, cargo para o qual foi indicado em 2003 no começo do governo Lula. A Previ é sócia da OAS na Invepar, empresa que controla concessões como o Aeroporto Internacional de Guarulhos. O fundo de pensão também possui participações societárias em empreendimentos como a usina hidrelétrica de Belo Monte, onde é sócio da Camargo Corrêa, também investigada na Operação Lava Jato. Rosa foi o representante da Previ na Vale, como presidente do conselho de administração da mineradora de 2003 a 2010. De lá, seguiu para a BrasilPrev, seguradora do Banco do Brasil, como presidente até maio de 2012. No período em que prestou consultoria para a OAS, representava o fundo de pensão no Conselho de Administração da concessionária de ferrovias ALL e desde abril de 2013 foi indicado pela Previ como vice-presidente do conselho de administração da BRF. Ele foi vereador em São Paulo entre 1994 e 1996.

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