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Dilma fala a senadores nesta segunda

Depoimento da presidente promete acirrar os já exaltados ânimos no Senado. Sob a supervisão de Lula, ela deve fazer discurso político

Por Da redação
Atualizado em 29 ago 2016, 09h22 - Publicado em 29 ago 2016, 06h58

A presidente afastada Dilma Rousseff fará nesta segunda-feira seu derradeiro ato na tentativa de salvar-se da condenação no processo de impeachment: está previsto para as 9 horas o início do depoimento da petista a senadores. Ela terá trinta minutos para discursar – prorrogáveis por mais trinta, se assim permitir o presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski – e depois responderá a perguntas dos parlamentares inscritos (até a tarde de domingo havia 47 nomes na lista). Diante do fato de que, mesmo dentro do PT, é difícil encontrar em Brasília alguém que acredite na volta de Dilma ao Planalto, o depoimento da presidente afastada deve servir apenas como o ponto alto das gravações da equipe de documentaristas dedicada a registrar o processo. E também para elevar a tensão em um já deflagrado plenário.

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Justamente para evitar cenas lamentáveis como as que se deram ao longo da semana, senadores pró-impeachment defendem que a sabanita a que Dilma será submetida seja estritamente técnica. Mas não descartam arroubos de congressistas como Ronaldo Caiado (DEM-GO), que nesta quinta-feira bateu boca com os petistas Lindbergh Farias (PT-RJ) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). O acordo é que o tom dos questionamentos não seja tão ríspido para evitar o risco de Dilma se colocar como vítima no processo de impeachment.

Entre os senadores pró-impeachment, a expectativa é para a pergunta que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) deverá fazer à presidente afastada. Derrotado em 2014 nas eleições que garantiram a reeleição de Dilma, Aécio questionou a lisura do sistema de urnas eletrônicas e ingressou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com pedido de cassação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer. Hoje o PSDB integra o governo interino de Michel Temer.

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Já Dilma foi aconselhada a dar um depoimento forte, sem meias palavras, dizendo que o processo de impeachment só foi aberto porque ela não cedeu à pressão para barrar a Operação Lava Jato – a exemplo do que vem apregoando em seus discursos desde que foi formalmente afastada da Presdiência. Ela também recebeu sugestões para citar o áudio no qual o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirma ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que é preciso mudar o governo para “estancar a sangria” da Lava Jato e impedir o avanço das investigações. O tom do pronunciamento foi discutido com Lula, que acompanhará in loco o depoimento da afilhada política. A petista, aliás, terá consigo uma comitiva com 35 pessoas, a maioria ex-ministros do governo da petista, como Jaques Wagner, Aloizio Mercadante, Ricardo Berzoini, Miguel Rossetto, Patrus Ananias, Aldo Rebelo, Izabela Teixeira e Eleonora Menicucci. A dúvida entre aliados de Dilma é se Lula, indicado na sexta-feira pela Lava Jato, deve acompanhar o depoimento das galerias ou de uma sala reservada.

A equipe da petista solicitou à presidência do Senado uma sala reservada, para ela poder se reunir com seus aliados e se preparar para a audiência. Auxiliares do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmaram que uma sala ao lado do gabinete do peemedebista está sendo preparada para receber a presidente afastada. Dilma deve permanecer no local antes do início da sessão. O Senado vai providenciar ainda um café da manhã, com pães, sucos e água de coco. Também será servido um almoço, caso o depoimento dela se estenda até mais tarde.

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Além de repetir o já desgastado e ineficiente discurso petista que compara o impeachment erroneamente a um golpe de estado, Dilma deverá evocar o passado de militante de esquerda e o seu julgamento pela ditadura militar para destacar que, mais uma vez, está sendo acusada de crimes que não cometeu.

O depoimento de Dilma encerra a fase da instrução do processo de impeachment. A partir daí, o julgamento entra na etapa final com os debates entre a acusação e a defesa, as manifestações dos senadores e o voto — que será nominal e aberto. O resultado só deve ser conhecido na madrugada de quarta-feira.

Diante do clima beligerante que se instaurou no Senado, a fala de Dilma promete acirrar ainda mais os ânimos. Mas o advogado da presidente afastada, José Eduardo Cardozo, afirmou não temer que o depoimento se transforme em mais uma batalha no Senado. “A presidente vai fazer um discurso de estadista. Não terá provocação”, afirmou. Falta, contudo, combinar com os senadores. “Se alguém levantar o tom com ela, nós vamos responder. Qualquer ação vai gerar uma reação, está tudo à flor da pele”, afirmou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). “Acho que vamos ter um debate muito forte, mas não dá para prever se vai sair do controle. Pela tensão que está no plenário, não é impossível”, prosseguiu.

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O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), defende que se evitem perguntas entre os pró-impeachment. “Eu defendo com muita clareza que a presidente vem aqui fazer sua defesa para marcar posição. Se depender da minha opinião, não devemos fazer perguntas. Não vai mudar a posição de ninguém. Se puder evitar um clima mais tenso, melhor. O processo é difícil para os dois lados”, afirmou. Essa, porém, não é a posição do líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), que defende o direito da base governista questionar Dilma. Caiado afirma que o tom subirá a depender do que será dito pela presidente e pelos seus defensores. E ironiza: “Se subir muito o tom, vamos trazer aquele muro lá de fora aqui para dentro”, em referência ao muro montado do lado de fora do Congresso para separar manifestantes favoráveis e contrários ao impeachment. A julgar pelo clima prévio do depoimento, não devem faltar imagens de impacto para o documentário.

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