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‘O que você decidir está bom para mim’, diz Rocha Loures a Temer

Segundo inquérito da Polícia Federal, pericia em celular de ex-deputado indica influência do presidente em tratativas para busca de um cargo em Brasília

Por Guilherme Venaglia
Atualizado em 22 jun 2017, 15h43 - Publicado em 22 jun 2017, 11h34

Parte do inquérito feito pela Polícia Federal para investigar o presidente Michel Temer (PMDB) se detém em esmiuçar a relação entre ele e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), flagrado recebendo uma mala com 500 000 reais de um executivo da JBS, em um restaurante de São Paulo e preso desde o último dia 3. O laudo pericial de um celular BlackBerry, que pertenceria a Loures, identificou a existência de duas notas que seriam direcionadas ao presidente:

NotasLouresTemer

A conclusão dos investigadores é de que se trata do período seguinte às eleições de 2014, em que Rocha Loures disputou um mandato de deputado federal, mas não foi eleito. O peemedebista, que foi chefe da Assessoria Parlamentar do Vice-Presidente da República no primeiro mandato de Temer, fala da sua intenção de “permanecer em Brasília”, o que, aparentemente, significaria obter um cargo que justificasse sua estadia na capital. Na segunda nota, ele diz que “pode ser Itaipu”, uma referência à usina Itaipu Binacional, mas ressalta que “o que você decidir está bom para mim”, externando a influência do hoje presidente nesta definição.

Uma das teses do pedido de inquérito proposto pela Procuradoria-Geral da República e aceito pelo ministro Edson Fachin, relator no Supremo Tribunal Federal (STF), é justamente a de que Loures e Temer teriam uma proximidade que justificaria a indicação dele como uma espécie de operador do presidente. Na conversa gravada entre ele e Michel Temer, o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, pede ao peemedebista um nome com quem ele possa falar sobre interesses da companhia que estavam represados no governo, ao que ouve uma menção a Rocha Loures.

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Segundo o acordo de delação feito por Joesley com o Ministério Público Federal (MPF), ele e o ex-deputado teriam acertado um esquema em que a JBS seria beneficiada junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, em troca, o grupo pagaria parcelas por 20 anos parcelas semanais de 500 000 reais, dinheiro que seria repartido entre Loures e o presidente. O relatório da PF indicou que existem indícios “com vigor” de que Michel Temer e o ex-parlamentar teriam incorrido no crime de corrupção passiva, quando há a oferta de um benefício em troca de um pagamento, mesmo que esse não chegue a se confirmar.

Desde que a delação do empresário veio a público, no último dia 17 de maio, Temer tem negado repetidas vezes as acusações feitas por Joesley. Segundo a argumentação do presidente, nem Rocha Loures nem nenhuma outra pessoa teria autoridade para negociar algo do gênero por ele, que não aceitaria nem consentiria com vantagens para a JBS ou qualquer outra empresa. O presidente chegou a dizer que o ex-deputado era uma pessoa de “boa índole”, que teria se deixado levar pelas ofertas do empresário.

A expectativa agora é que a conclusão do inquérito por parte da Polícia Federal enseje a apresentação, pela PGR, de uma denúncia criminal contra o presidente. Nesse caso, caberá à Câmara dos Deputados avaliar o pedido que, uma vez aceito, transformaria Michel Temer em réu e o afastaria provisoriamente da Presidência da República. Desde a absolvição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), articular uma maioria parlamentar para barrar uma eventual denúncia se transformou na prioridade do governo.

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