O grito das redes
Um levantamento mostra que, junto com a segurança, a educação desponta como a grande preocupação em seis capitais brasileiras
Uma varredura em redes sociais, blogs e fóruns na internet revela que as duas grandes preocupações dos eleitores hoje giram em torno de segurança e educação, este um tópico que não costumava figurar no topo das inquietações nacionais. A conclusão, baseada no número de menções a esses temas entre 24 e 1 de julho, é da Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas, um dos maiores bancos de big data do país. Os especialistas examinaram os anseios de eleitores em seis capitais.
Vistos no detalhe, os dados indicam que pessoas do Rio de Janeiro, de São Paulo, Belo Horizonte e Recife concentram suas aflições mais sobre educação do que segurança (só em Salvador e Porto Alegre é o contrário). Apesar do pleito ser municipal, 90% das questões neste campo extrapolam, e muito, o âmbito local. Quem foi à internet expôs dúvidas sobre programas nacionais de acesso ao ensino superior, sobre o orçamento e o investimento do Ministério da Educação, sobre cotas e a situação das universidades públicas. Não podia ficar de fora, claro, o Enem, exame para o ingresso no ensino superior que será realizado em novembro. Escolas municipais e creches, estas sim da alçada municipal, passaram ao largo das redes.
Quando o tema é segurança, e até transporte, outra fonte de constante dor de cabeça para o brasileiro, os posts se concentram mais, aí sim, em assuntos de cunho local. Segundo o DAPP, isso é compreensível, uma vez que têm uma relação ainda mais direta com o dia a dia do eleitor.
Um ponto que também apareceu com força foi a violência contra a mulher. Falou-se muito na alta incidência de agressões, inclusive de casos de estupro, e discutiu-se com vigor a violência cotidiana, a ocorrência de assaltos e furtos e a sensação de insegurança. Críticas à violência da Polícia Militar reverberaram nas redes.
Saúde pública entrou no rol das áreas lembradas. Em todas as seis cidades, as duas grandes linhas de discussão online repousam sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre a cobertura de planos de saúde. Em São Paulo e Belo Horizonte, chamou atenção a incidência de queixas sobre o excesso de filas em hospitais. Que os políticos escutem as redes.