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Novatos e alianças movimentam as chapas para Senado

Neste ano, um terço das cadeiras no Senado será renovada; partidos correm para fechar alianças no acirrado xadrez eleitoral de outubro

Por Gabriel Castro, de Brasília
23 fev 2014, 17h08

A pouco mais de quatro meses do início da campanha eleitoral, os principais partidos políticos intensificaram as articulações para a escolha dos candidatos que disputarão uma vaga no Senado neste ano. Dois fatores têm influenciado diretamente no xadrez dos partidos: como o mandato de senador é de oito anos, apenas uma cadeira por Estado estará em jogo desta vez, o que prenuncia embates mais acirrados; além disso, as siglas avaliam que a presença de Eduardo Campos (PSB) na disputa à Presidência da República deverá tornar o cenário menos polarizado entre PT e PSDB e mais imprevisível.

Com menos cadeiras, o que assegura mais exposição ao senador do que a um deputado, por exemplo, e composto majoritariamente por políticos com mais cacife em seus Estados, o Senado é uma Casa mais difícil de ser enquadrada pelo Palácio do Planalto do que a Câmara. Em 2007, por exemplo, foi a Casa que mais criou problemas para o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva – simbolizados na histórica derrota do governo para prorrogar a CPMF. O revés, inclusive, fez o PT tratar a eleição dos seus senadores como prioridade em 2010 – deu certo: a sigla tem hoje 13 senadores, ante os nove da legislatura anterior. No governo Dilma Rousseff, o relacionamento com o governo foi menos turbulento. Mas em 2014, com a perspectiva de crescimento do PSB, a divisão de forças na Casa pode se tornar mais pulverizada – e, portanto, mais hostil.

O professor Paulo Kramer, do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), diz que o perfil do Senado exige uma seleção mais rigorosa dos candidatos pelos partidos: é preciso se preocupar, além do tamanho da bancada, com a capacidade e a lealdade do escolhido. “Como o voto para o Senado é majoritário e não proporcional, o senador precisa ser um político com luz própria, já que ele jamais pode se beneficiar daquela característica do voto proporcional para a Câmara – a que permite ao sujeito chegar lá mesmo tendo sido pouco votado”, avalia.

Preocupado em construir palanques fortes nos Estados e, ao mesmo tempo, ciente de que lhe faltam nomes de peso em muitas regiões, o PSB, de Campos, é o partido que mais aposta em candidaturas distantes da política tradicional. No Rio de Janeiro, o deputado Romário (PSB) deve ser a grande novidade da disputa. O ex-jogador da seleção brasileira admite que cederia a vaga se um nome decidisse entrar na corrida: Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do sonho dos socialistas, Barbosa tem dito que não vai disputar as eleições de 2014. Mas, como magistrado, tem até o começo de abril para mudar de ideia, deixar o cargo e se filiar a algum partido.

Na Bahia, a ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon é quem tentará a vaga pelo PSB com a bandeira do combate à corrupção. Já em outros Estados, o PSB terá de negociar com a Rede, de Marina Silva, o lançamento de candidaturas ao Senado. O grupo da ex-senadora defende, em muitos casos, o lançamento de nomes pouco conhecidos – e de pouca competitividade – pelo bem da pureza ideológica.

Tucanos – No PSDB, onde o grau de renovação não é dos maiores, ainda há lacunas a preencher em praças importantes. Em Minas Gerais, o candidato do partido à Presidência, Aécio Neves, optou pelo nome de Antônio Anastasia, atual governador do Estado. É uma escolha segura para os tucanos, em um território-chave para o resultado da eleição presidencial – Minas é o segundo colégio eleitoral do país.

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Já em São Paulo, ainda há incertezas sobre o nome a ser lançado. Se o ex-governador José Serra optar por disputar a cadeira ao Senado, será atendido pela sigla. Mas, segundo aliados, Serra tem sinalizado que concorrerá à Câmara dos Deputados. A vaga do Senado ainda pode ser utilizada na formação de uma aliança que assegure um bom tempo de televisão a Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à reeleição no governo paulista. A indecisão animou até o deputado Marco Feliciano (PSC), que tenta convencer os tucanos a apoiarem sua eventual candidatura ao Senado.

Sem nomes de peso no Rio de Janeiro, o partido também sondou a ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie. É parte da estratégia de Aécio, que também tenta convencer o técnico de vôlei Bernardinho a disputar o governo estadual e formar um palanque competitivo em um Estado onde os tucanos têm pouca força.

O PSDB também podem ser prejudicado por um fator familiar: no Paraná, Alvaro Dias (PSDB) está decidido a disputar a reeleição para o Senado. Mas petistas tentam costurar uma aliança pela qual Osmar Dias (PDT), irmão do tucano, concorra ao mesmo posto. Com o compromisso de não criar uma disputa em família, Alvaro consideraria a hipótese de abrir mão da disputa. O tucano é enigmático quando indagado sobre o assunto: “Minha candidatura está colocada, e eu não posso opinar sobre a chapa adversária”, diz.

PT – No caso do PT, o problema é diferente: há Estados com candidatos demais dentro da gigantesca coalizão de apoio a Dilma Rousseff. No Ceará, por exemplo, os peemedebistas têm se aproximado do PSDB, e podem apoiar o tucano Tasso Jereissati ao Senado. Em troca, o PSDB encampará a candidatura do atual senador Eunício Oliveira (PMDB) ao governo estadual. “A preferência é acertar dentro da aliança nacional. Mas vamos ver se vai ser possível. O PMDB se relaciona bem com todos os partidos”, diz Eunício.

Por isso, a divisão de forças no Estado pode não respeitar a aliança entre petistas e peemedebistas no plano federal. O PT deverá compor a chapa com o novato Pros, partido do governador Cid Gomes.

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Em São Paulo, a situação também está indefinida: Eduardo Suplicy (PT), em fim de mandato, quer disputar a reeleição e já tem um compromisso verbal do comando do partido. Mas isso pode ser insuficiente: a legenda ainda negocia a formação da chapa em que Alexandre Padilha (PT) disputará o governo paulista. Para assegurar alianças, a vaga no Senado pode ser moeda de troca. O PSD, por exemplo, quer lançar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para disputar o cargo de Suplicy. Um possível acordo com o PT pode prejudicar o veterano Suplicy, que chega ao fim do terceiro mandato consecutivo – 24 anos na Casa.

Em novembro de 2012, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que a vaga de Suplicy poderia ser cedida a algum partido aliado. Mas o senador diz que as coisas mudaram: “O clima mudou completamente, inclusive em relação àquela declaração dele. Muitas pessoas foram a ele e disseram: ‘Não, o senador tem que ser o Suplicy'”, assegura.

Veteranos – No Rio Grande do Sul, a disputa deve ser intensa: Pedro Simon (PMDB), um dos decanos do Senado, com 84 anos, havia dito que se aposentaria ao fim do mandato. Ultimamente, entretanto, tem sido menos assertivo.

Um possível rival de Simon tenta seguir o exemplo bem-sucedido de Ana Amélia Lemos (PP), jornalista que chegou ao Senado na primeira eleição que disputou: Lasier Martins (PDT) deixou a televisão e agora é um dos favoritos à vaga.

Ao contrário de Simon, em Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB) confirmou os prognósticos e já anunciou oficialmente que não vai disputar a reeleição. Aos 71 anos, o peemedebista decidiu apoiar a candidatura de Raul Henry (PP). O senador deve disputar uma vaga na Câmara.

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