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MPF pede nova prisão de Geddel Vieira Lima

Ex-ministro é acusado de tentar interferir no judiciário para evitar delação de Lúcio Funaro, apontado como operador de parlamentares do PMDB

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jul 2017, 14h09 - Publicado em 13 jul 2017, 11h41

O Ministério Público Federal (MPF) pediu novamente à Justiça a prisão de Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que se preparava para deixar o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica. Investigadores encontraram novas provas que justificariam manter o ex-ministro do governo de Michel Temer atrás das grades.

De acordo com o MPF, o ex-ministro tentava garantir o silêncio de Funaro, alegando ter influência sobre o Poder Judiciário. Em depoimento à PF, o doleiro afirmou ter recebido uma mensagem de Geddel, reclamando de uma mudança de advogados de defesa de Funaro. Essa alteração teria “ficado ruim para o juiz”, escreveu Geddel para Funaro.  “Não se sabe ao certo, nesse possível contexto de tráfico de influência aplicado ao Poder Judiciário (no caso, possível conduta penal de exploração de prestígio), a qual magistrado Geddel Vieira Lima invocava exercer influência: se a magistrado da 10º Vara Federal, se a magistrado que compõe a Turma Julgadora de processos das Operações Sépsis e Cui Bono? no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), ou ainda se a magistrados de Cortes Superiores. É certo, no entanto, que, ao mencionar o possível contato com um membro julgador, Geddel Vieira Lima tenta macular a credibilidade e a moralidade do Poder Judiciário federal, vendendo sua pretensa influência a fim de obter benefício ilegal (não ser delatado ou incriminado por Lúcio Bolonha Funaro).

O ex-ministro do governo Temer foi preso no último dia 3, acusado de tentar impedir a delação de Funaro e obstruir a Justiça. Ontem, o desembargador Ney Bello determinou que Geddel deixasse o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, para cumprir prisão domiciliar. Para justificar o novo pedido de prisão, o Ministério Público Federal alega que encontrou evidências de que Geddel, ao demonstrar influência perante o Judiciário, também teria praticado o crime de exploração de prestígio — que prevê uma pena de um a cinco anos de prisão. “Os novos fatos criminosos praticados pelo mencionado investigado demonstram que nem mesmo sua reclusão domiciliar foi capaz de prevenir sua atividade criminosa. Sendo criminoso habitual, em série (“serial criminal”), não há medidas cautelares alternativas que sejam capazes de impedir que novos delitos sejam cometidos por Geddel Vieira Lima”, conclui o MPF.

 

MALAS DE DINHEIRO

Em seu novo pedido de prisão, o MPF também apresenta um novo laudo produzido por peritos da Polícia Federal (PF). O documento revela que, num período de dezenove dias, entre 13 de maio e 10 de junho de 2017, Geddel realizou dezessete contatos telefônicos com Raquel Pitta, mulher de Lúcio Funaro, apontado como o operador de parlamentares do PMDB da Câmara. “Assim, em média, no período examinado, Geddel Vieira Lima telefonou a Raquel Pitta quase uma vez por dia. Tal constatação indica, de forma segura, a tentativa e, em certas ocasiões, o efetivo contato entre o investigado Geddel Vieira Lima e a esposa do também investigado (e réu) Lúcio Bolonha Funaro. Indica, outrossim, não uma pressão esporádica exercida pelo investigado Geddel Vieira Lima sobre a esposa do também investigado Lúcio Bolonha Funaro, mas sim uma atividade de monitoramento diário sobre o humor e a intenção de colaboração deste último”, constata o MPF.

Em depoimento, Raquel Pitta afirmou que não tinha nenhuma intimidade com o ex-ministro, nem sequer tinha o seu contato telefônico — e que passou a receber ligações de Geddel após a prisão de Funaro. De acordo com os investigadores, o ex-ministro tinha receio de ser delatado pelo doleiro. Em depoimento à Polícia Federal, Funaro revelou que “fez várias viagens em seu avião ou em voos fretados, para entregar malas de dinheiro para Geddel Vieira Lima” e que essas entregas eram feitas numa sala reservada do hangar Aerostar, localizada no aeroporto de Salvador, na Bahia, “diretamente nas mãos de Geddel”. “Permite-se concluir que Geddel Vieira Lima e a organização criminosa da qual faz parte têm interesse explícito e evidente no silêncio de Lúcio Bolonha Funaro, silêncio esse que, caso mantido, dificultaria a responsabilização criminal de Geddel e seu grupo”, conclui o MPF.

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