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Moro cita conta secreta e decreta prisão preventiva de ex-presidente da Eletronuclear

Presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra, também teve prisão temporária convertida em preventiva, na qual não há prazo definido de detenção

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 ago 2015, 20h17

O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba, decretou nesta quinta-feira a prisão preventiva do ex-presidente da Eletronuclear, o vice-almirante da Marinha Othon Pinheiro da Silva, e do presidente da Andrade Gutierrez Energia, Flávio Barra. Ambos estavam presos temporariamente na capital do Paraná. Segundo Moro, a detenção temporária – com prazo definido de cinco dias – foi convertida em preventiva diante de novas provas do envolvimento dos dois no petrolão e do risco à ordem pública e ao andamento do processo. Agora, não há duração preestabelecida para a detenção.

No despacho em que justifica a necessidade de prisão, o juiz afirma haver “robustas provas” contra Othon, que é militar da reserva e um dos principais especialistas do país na área nuclear. “São robustas as provas do pagamento de propina a Othon Luiz em decorrência do cargo exercido na Eletronuclear e mediante a simulação de contratos de consultoria fraudulentos”, diz o magistrado, que elenca como evidências a descoberta de uma conta secreta no exterior e a abertura de empresas offshore. As investigações sugerem, até o momento, que em 2014 a filha de Othon abriu uma conta secreta em Luxemburgo em nome da offshore Hydro Power Enterprise Limited, além de já ter outra offshore no Uruguai, em nome da Waterland S/A.

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Othon Pinheiro, segundo a acusação, recebeu propina até dezembro de 2014, quando a Lava jato já estava em curso. As suspeitas contra ele ganharam corpo também com o recente acordo de leniência firmado pela construtora Camargo Corrêa junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Neste acordo, a empreiteira detalhou a atuação de Othon Luiz em favor do cartel de empresas que atuava em obras da usina nuclear de Angra 3. A construtora ainda deu indicativos de uma possível atuação dele favorável ao preço cobrado pelas empreiteiras em determinadas obras.

A quebra de sigilo fiscal da empresa Aratec, citada pelos investigadores como uma companhia de fachada usada por Othon para justificar o dinheiro sujo depositado, apontou que a partir de 2009, no mesmo período da retomada das obras de Angra 3, a companhia teve um significativo crescimento de faturamento e repasses das empresas CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e Participações Ltda. e da Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda.. Todas são suspeitas de serem intermediárias das gigantes da construção Andrade Gutierrez e Engevix no pagamento de propina.

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“Enquanto o esquema criminoso na Petrobras tornava-se notório no decorrer do ano de 2014, com a desvelação do cartel, dos ajustes fraudulentos de licitação e do pagamento de propinas a Diretores da Petrobras, o mesmo estava, em cognição sumária, ocorrendo na Eletronuclear”, resume o juiz Sergio Moro em seu despacho. “Se nem a notoriedade da Operação Lava Jato serviu para coibir esse tipo de crime, forçoso reconhecer a necessidade da preventiva”, critica ele.

Eletrolão – A Lava Jato chegou ao setor elétrico depois de o executivo Dalton Avancini, da Camargo Corrêa, ter firmado acordo de delação premiada. Em depoimentos, Avancini declarou que o cartel de empreiteiras formado na Petrobras continuava a se reunir para discutir o pagamento de propinas a dirigentes da Eletrobras e da Eletronuclear, mesmo depois do início das investigações sobre o petrolão.

Em relação a Angra 3, Avancini afirmou que o processo licitatório das obras da usina incluíam um acordo com a Eletronuclear para que a disputa fosse fraudada e direcionada em benefício de empresas como a Camargo Corrêa, UTC, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Technit e EBE – todas elas reunidas em dois consórcios. “Já havia um acerto entre os consórcios com a prévia definição de quem ganharia cada pacote”, disse o delator, que também afirmou que propina deveria ser paga a funcionários da Eletronuclear, entre eles o presidente afastado da entidade Othon Luiz Pinheiro da Silva. Em agosto de 2014, em uma reunião convocada pela UTC Engenharia, o delator afirmou que foi discutido o pagamento de propina de 1% ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear.

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