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Odebrecht diz que valores a Lula superam os marcados em planilha

Segundo empresário, propinas vão além das lançadas sobre o codinome "Amigo"; conta, administrada por Palocci, chegou a ter R$ 300 milhões disponíveis

Por Da Redação
Atualizado em 26 set 2017, 15h21 - Publicado em 26 set 2017, 09h01

O empresário Marcelo Odebrecht destacou em novos depoimentos prestados à Polícia Federal (PF), em Curitiba, em 8 e 21 de agosto, que os pagamentos a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acertados com seu pai e patriarca do grupo, Emílio Odebrecht, não se limitaram aos registrados no codinome “Amigo” da planilha de propinas “Italiano”, que era gerenciada pelo ex-ministro Antonio Palocci.  Segundo o empresário, a conta chegou a ter 300 milhões de reais à disposição do ex-presidente e do PT.

“Reitera que houve outros pagamentos a Lula, acertados por Emílio, que não transitaram pela conta ‘Italiano’ e nem tiveram o envolvimento do colaborador”, registra a PF, no termo de depoimento de Marcelo, do dia 8. Delator desde janeiro e preso desde junho de 2015, o empresário foi novamente ouvido pela PF, desta vez, no inquérito que apura propinas em doações ao Instituto Lula e pagamentos de palestras via Lils Palestras e Eventos.

Marcelo pontuou que na conta “Italiano” houve “dois créditos decorrentes de pedidos de contrapartida específica: valores ‘LM’ e ‘BK’ que totalizaram 114 milhões de reais”. E que além destes, “houve outros créditos que somados a estes totalizaram cerca de 300 milhões de reais”. “Mas que fazia parte de uma agenda mais ampla, sem vinculação específica, ou seja, sem contrapartida específica.”

Para investigadores da força-tarefa, a distinção feita pelo empresário, entre créditos condicionados a contratos específicos e os que entraram em espécie de “conta geral” em troca de benefícios no governo, é retórica, tratando-se tudo de corrupção.

Amigo

Nos termos de sua delação premiada e nos dois novos depoimentos à PF, Marcelo explicou a planilha de 2013 apreendida pela Lava Jato e os valores registrados nela. Segundo o empresário, havia nesse acerto de que ele participou diretamente um crédito de  15 milhões de reais para o ‘Amigo’.

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“Nessa planilha constam retiradas que foram abatidas da subconta ‘Amigo'”, afirmou. “Seguramente, pode afirmar que as do ‘Programa’ B4, B5, B6 e também a do registro ‘Doação Instituto 2014’ foram abatidas da subconta.”

O empresário diz que as “retiradas foram solicitadas por Palocci, que solicitou que fossem abatidas da referida subconta ‘Amigo'”. Para ele, a destinação de 12,4 milhões de reais destinados à compra de um terreno para o Instituto Lula debitada dessa subconta também confirma que Lula era o “Amigo”.

No dia 21, a defesa de Odebrecht entregou cópia de e-mails que ele trocou com executivos do grupo Alexandrino Alencar, que era o longa manus de Emílio nos tratos com Lula, e Hilberto Silva, que era o chefe do setor de propinas do grupo. Em um deles, de 2013, citam “doação ao Instituto Lula” de 4 milhões de reais, feita por via oficial, mas com dinheiro da “conta-corrente” Italiano abatido da subconta “Amigo”.

“Os valores doados ao Instituto Lula, total de 4 milhões de reais, foram lançados na planilha Italiano como ‘Doação Instituto 2014 4.000′, após o qual remanesceu o saldo de 10 milhões de reais, conforme a última atualização’, informou Marcelo. Segundo ele, mais 1 milhão de reais foi abatido dessa subconta como “Programa B”, que seria referência a Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, que retirava o dinheiro.

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Padrinho

Marcelo afirmou nos novos depoimentos que todo acerto com Lula era “alinhado” com seu pai, o patriarca do grande acordo de delação da Odebrecht – que envolveu 77 executivos. É Emílio Odebrecht quem pode dar maiores detalhes sobre os pagamentos de palestras e doações ao Instituto Lula.

“Qualquer assunto diretamente ou indiretamente relacionado a Lula era alinhado com Emílio, com orientação deste, cuja interlocução com Lula no dia a dia era feita em geral por meio de Alexandrino de Alencar”, explicou Marcelo. “Qualquer tratativa com Lula, o padrinho era Emílio, mesmo que a tratativa fosse por algum intermediário de Lula.”

O empresário, único integrante do grupo ainda preso pela Lava Jato – pelo acordo de delação, Marcelo deve deixar a cadeia em 2018 -, afirmou que não se recorda se as palestras de Lula, feitas via empresa Lils Palestras e Eventos, também eram debitadas da planilha de propinas.

(Com Estadão Conteúdo)

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